3.6.20

Psicanálise, breve resumo

- Doutor, preciso de ajuda. Não sei o que fazer. 
- Então não faça nada, até saber.
- Não brinque. O caso é sério. 
- Se mo contasse? Assim poderia avaliar melhor. Isto é, seríamos dois a avaliar a seriedade da coisa, o que sempre é melhor do que ser só um. Ainda por cima, parte implicada. Mais do que implicada, produtora. 
- Estou rodeado de idiotas.
- Todos estamos. Cada um é o idiota do outro, ad infinitum.
- Não é isso. Se fosse, não seria sério. Os meus amigos são idiotas. Vêm todos da adolescência. Enfim, quase todos. Escolhi-os de propósito: pensava ser idiota eu também. Sempre pensei. Mas agora chego aos quarenta e cinco anos e apercebo-me de que não sou tão idiota como pensei este tempo todo. Já não os consigo ouvir. 
- Devia ter lido Lacan em jovem: "a estupidez é uma histeria. Basta uma pessoa saber-se estúpida para deixar de o ser."
- Doutor, preciso realmente de ajuda. Por favor, convença-me de que sou um idiota. Não quero perder os amigos de uma vida.

2 comentários:

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.