22.1.22

É fartar, vilanagem

A noite apaga-se. O dia foi rico: pela primeira vez, participei numa manifestação. Só há dois temas que me mobilizam: a «pandemia» (aspas porque cito) e o AO90. Tudo o resto é amendoim a macacos no zoo. Em seguida fui jantar à Casa da Índia com a T. e o J., casal de que tanto aprecio tudo e depois conheci a F. S. N. Continuo a não escrever coisa que se veja, a não ler uma linha, mas pelo menos parece estar a aproximar-se o fim desta estação glacial: já sou capaz de falar sobre ela. Isto é, sobre a estadia no fundo do poço. Ainda vivo no meio de sacos e no meio de um deserto onde a chuva se faz esperar mais do que razoavelmente, no meio de uma maré mais seca do que vazia, Continua tudo na mesma e tudo mudou, porque mudou a luz que ilumina o tudo na mesma. Vemos o que somos, vemos o como estamos. O orgão da visão é o cérebro (ou o coração, diria a F.)

Sempre foi assim: o cansaço é o melhor anti-coiso. Um gajo fartar-se do poço vale mil pílulas, tal como um olhar vale mil olhos, uma cabeça mil corpos e um dia mil dias.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.