17.9.22

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 17-09-2022

Aguaceiros com intervalos desanuviados

À lista dos lugares desaparecidos em Palma tenho de juntar os Maños, no Mercat. Foi lá que conheci o Aurélio, lá comi algumas das melhores tapas de sempre, bebi orujos, vinho verde em malgas, passei horas. Hoje está uma merda irrecomendável (salvo as amêijoas, que continuam boas e as raolas que não são de camarão mas são excelentes). Os boquerones fritos estavam intragáveis, o vinho branco uma coisa que nem péssima era, o tempo de espera suficiente para ver um jogo de futebol e respectivos acrescentos. (Aumentaram a capacidade mas não aumentaram a cozinha.)

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Afinal o charter só começa amanhã. O Ivo deixou-me ficar com a BH sem pagar mais um dia. Expliquei-lhe que preciso da burra para ir jantar, coisa que ele percebe e ademais é verdade. Ao blues da maré baixa vem juntar-se o de ser como sou, mas essa é musica velha, não tarda faz sessenta e cinco anos, conheço-a de cor e salteado.

Vim ao Aurélio queixar-me e beber uma aguardente. À quelque chose malheur est bon.

Agora trata-se de levar a roupa toda da 5 à Sec para bordo. Vou fazer várias viagens, imagino. Pensava ir de táxi. Isto de pensar adiantado de pouco serve, ou nada.

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Nada de lamentações: sem derrocadas não há cidades novas.

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A cidade está insuportável. Hordas de turistas. Mercado cheio, ruas cheias, passadeiras imobilizadas. Uma coisa que não deixa nunca de me surpreender nos teutões - um povo que deu ao mundo o Porsche, o Mercedes, o BMW, o von Braun, Berlin e as autoestradas sem limite de velicidade - é a sua ilimitada humildade perante um semáforo. Para aquela gente, um sinal cego e estúpido é capaz de decidir melhor do que cada um deles quando atravessar a rua. Tudo isto estaria muito bem se não bloqueassem o acesso à rua. Em vez disso, alinham-se à beira dos passeio como para uma partida das vinte e quatro horas de Le Mans e alu ficam, aespwra de que o sinal lhes de3ordem para avançar. 

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Consegui trazer a roupa toda da lavandaria. Foi uma seca - as ruas estão cheias de gente, relembro - mas teve uma vantagem inesperada: pela primeira vez em muitos meses sei exactamente a quantidade de cada peça de roupa que tenho. Parece que não mas é importante. 

(Cont.)

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