25.4.24

Diário de Bordos - Marigot, Saint-Martin, DOM-TOM França, 25-04-2024

Apanho o "autocarro" para Cole Bay. Uma carrinha daquelas de vinte lugares, com ar condicionado e música decente. Um euro e meio (ou dólar, se isto não mudou a taxa é de um para um). Penso nestes países híbridos, mistura de norte e de sul (para simplificar). O meu favorito é Porto Rico, que tem aquilo que me parece ser a melhor proporção de cada um deles. A seguir é St. Martin. Passo por cima das ilhas Virgens (US e B), da Jamaica e, hesitantemente, do Panamá, um país que é preciso aprender a amar, que não se dá, antes se recebe.

Reencontros: Lagoonies e Jim (ele não se importa que eu o nomeie). Um dia cheguei a St.-Martin de avião, em Outubro, com pouquíssimos cêntimos no bolso, convencido de que encontraria trabalho no dia seguinte. A ilha estava vazia. Pontões desertos. Ninguém em lado nenhum. Telefono ao Jim a dizer-lhe que se ele soubesse de alguém, etc. A canção é sempre a mesma, só muda o ritmo. Veio ter comigo à marina Royale, que agora está fechada. Começou por tirar quinhentos dólares da carteira e deu-mos. «Toma, isto é para não andares aí sem dinheiro.» Depois: «Tenho o CHEERS em Antigua. Preciso de mudar os machos de fundo. Podes fazer isso?» «Posso, claro». «Ok, vou comprar-te o bilhete. Encontramo-nos aqui às cinco da tarde». Eram para aí duas ou três.

Cinco da tarde: «Toma. tens aqui dois mil e quinhentos dólares  [ou três mil, não me lembro]. Trocas todos os machos de fundo e ficas com o que sobrar. Se não chegar dizes-me. Vais amanhã para Jolly Harbour, já falei com a marina e eles estão avisados.» Era no tempo em que eu não tinha conta no banco. Troquei-lhe os machos de fundo, poucos dias depois a minha filha chegou e logo a seguir arranjei um trabalho para ir a Providencia buscar um 40.7, a partir do qual fiquei em Antigua a fazer day charter e miles building.

Dantes havia hobos que vagabundeavam em comboios. Eu vagabundeio em embarcações de recreio. O princípio é o mesmo: vamos para onde os comboios nos levam, mas escolhemos os comboios.

PS - Trocar os machos de fundo não foi pêra doce. O CHEERS - um magnífico Wauquiez 42 vítima de um ciclone há pouco tempo - tinha alguns trinta anos e eram todos de origem. Mesmo assim sobrou bastante dinheiro. Telefonei ao Jim: «Jim, o que sobrou é muito, contando com os quinhentos que me deste aí. Posso devover-te uma parte?» A resposta não foi «Está calado e cala-te» mas andou lá perto.

(Cont.)

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