16.10.24

Raiva e outros prospectos

Acabo de perder o avião da maneira mais infame, asquerosa, nojenta, odiosa, absurda e injusta que já me aconteceu. 

É preciso começar por dizer que é extraordinariamente raro eu perder um avião. Uma vez - no tempo em que ainda não conseguia dormir nos aviões - cheguei a Orly vindo de Fort-de-France e como não tinha dormido nem um minuto adormeci. Quando acordei o avião tinha saído. Outra vez, em Casablanca, aconteceu-me o mesmo (mas vindo de Gibraltar, a navegar) e dessa vez o avião esperou por mim. Atravessei o aeroporto a correr, com um hospedeiro (?) de terra (?) à minha frente para afastar as pessoas (nessa altura ainda não havia cachorros).

Hoje foi pior. Comecei por chegar três horas antes do voo. Agora se não se importam salto meia dúzia de degraus. Tinha um aviso a informar que o avião sairia com quarenta e quatro minutos de atraso. Vinte minutos antes da nova hora cheguei à porta e o voo estava fechado. Afinal o atraso tinha sido inferior ao anunciado (o que fica para ver. Nada me garante que não tenham feito os passageiros esperar meia hora, como acontece tantas vezes).

O pior é não ter nada nem ninguém a quem reclamar. E a atitude das duas putas hospedeiras de terra que faziam o embarque. E a frustração de ter uma consulta médica marcada há meses e falhá-la (ou pô-la em risco, ainda vou tentar lá chegar). E a raiva, a simples e pura, cristalina, não filtrada raiva.

É tanta que em vez de voltar de táxi para bordo vim neste horroso autocarro, cheio de gente, de gordos, de malas com rodas e cachorros. Poupando assim vinte euros que vou tentar aplicar numa consulta psiquiátrica no 7 Machos.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.