22.8.18

Vida?

Amanhã ao meio-dia local começamos a pôr a quilha no sítio dela, debaixo do casco. Não é de modo algum o fim da história da coisa: este só chegará quando se puser o P. na água e ele ficar direitinho. Mas é um momento importante, por várias razões. Antes de mais, simbólicas. O homem é uma besta simbólica, quer o queira quer não. A quilha era a última coisa que faltava desmontar (quase: não desmontámos a porta do leme, mas essa não era mesmo preciso. Espero). Ou seja: amanhã começamos a "montar" tudo o que desmontámos. Começamos a subir (se fosse uma viagem diríamos "começamos a descer", mas o sentido é o mesmo: atingimos o ponto de inflexão da curva). Outra das razões é financeira: com a quilha ao lado do bote pagamos dois lugares, coisa que me aborrece mais do que o razoável; outra porque o director da marina resolveu recomeçar a ageniar.

Enfim, há um montão de razões para fazer de amanhã um dia especial. Mesmo sabendo que isto é tudo treta: é como dizer "foi quando ela disse ah e me olhou de esguelha que eu percebi que a amava"; ou "cheguei a casa e ela não tinha o meu whisky preparado. Foi nesse dia que..." Tretas, tudo tretas. A curva é isso mesmo, uma curva. Não são duas rectas unidas por um ponto, como um V ou pior ainda um X.

Vida começa mal: devia ser Uida.

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