19.6.21

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 19-06-2021 / 2

A rua Sant Magi está cheia outra vez. A abarrotar de jovens sem máscaras, de mulheres cuja função na vida é provar que a evolução tem razão e a moda não (disto não estou seguro), de provas de que a biologia resiste a tudo. Enquanto a moda oscilar entre mostrar pernas ou mostrar mamas (ou como agora faz, abençoada seja, mostrar as duas e mais o que lhes fica entre - advérbio ou verbo -) a biologia vencerá. É que isto é um consolo para os olhos do homem primevo, básico, simples que eu sou. (A minha namorada sabe o que sou e apesar de ser uma senhora sofisticada, culta e  bonita aceita-me, facto que para mim fará para sempre parte dos Mistérios, com maiúscula.)

Penso no gesto asqueroso de um cozinheiro que até hoje respeitava. Perante um cenário semelhante em Lisboa, não só chamou a policia como insistiu. Continuarei sempre a respeitá-lo como cozinheiro - é, para mim, o melhor desta nova vaga de celebridades e "chefs" - mas como pessoa deixou de existir. A certa altura há que traçar fronteiras. A tolerância tem limites. Não são os mesmos da liberdade de expressão, mas existem.

A biologia e a estética estão esquecidas, diz Camille Paglia. A estas, acrescentaria a ética.  A qual, basicamente, consiste em respeitar o outro, em não acreditar que os meus valores são melhores do que os dele. São, claro. Se não fossem não seriam os meus, mas os dele têm o direito - e o dever - de existir. 

 

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