22.7.23

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 22-07-2023

Lá ficou mais um par de óculos da Refleczo para trás. Este no aeroporto de Barcelona. É uma pena, os óculos Refleczo têm a desvantagem de ser baratos e a vantagem de ser giros. Perdê-los é uma chatice. Ninguém gosta de perder coisas baratas. Ainda por cima sinto-me um bocadinho estúpido porque ando há um ror de tempo para encomendar o segundo par de pares (aquilo vende-se aos dois) e claro, foi preciso perder estes para o fazer. Agora restam-me os Vallon, que foram uma péssima compra. São daqueles que têm uma protecção em couro à volta das lentes. Proteger protege, mas tira-me a visão lateral toda. Nas manobras nem pensar e a navegar idem - nunca me tinha apercebido de quanto usamos a visão grande angular mesmo no mar. Resultado: feios e caros. Para a bicicleta tão pouco servem. Não há maneira de os perder. Ainda tenho outro par, o que tem as argolas por detrás das orelhas. Tenho-o há cerca de dois milénios (em tempo ocular), mas as lentes não são suficientemente escuras. Preciso de lentes espelhadas. Resta-me esperar e não perder os das argolas. A Refleczo é uma marca portuguesa e eu gosto desta facilidade de poder falar com as pessoas e falarmos a mesma língua - não me refiro só ao que se ouve. Falo também do que não se ouve, mesmo ao telefone. Um bocado como as mochilas Lockdo, que infelizmente não sobreviveram. Das mochilas todas que tenho é a que mais uso, desde que não precise de ir para o mar. Nesse caso vai a Musto, que é uma merda. Comprei uma igual, mais pequena, chamada Tropic Feel. Ainda não a experimentei a sério. Creio que para pequenos passeios que exijam mochilas impermeáveis servirá. A ver, como dizia o ceguinho.

Tudo isto para dizer que estou de regresso a Palma, já não podia voltar atrás para ir buscar os óculos - ficam pelo menos a saber que tenho muitos. E mochilas. Naquele livro seminal que é o Dicionário Khazar está dito: "Ninguém acredita num homem nu, mesmo que ele diga que tem muitas camisas." Pois eu tenho muitos óculos e muitas mochilas. A ver se alguém acredita em mim.

Fiquei a saber que os táxis de Palma são os mais baratos de Espanha. Informação a confirmar. Fiquei também a saber que ainda tenho o problema do BP para resolver. Isto já o sabia, obviamente. Este saber tem outro sentido, outra profundidade. Como poder falar ao telefone com as jovens senhoras da Lockdo ou da Refleczo.

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Venho ao Lo Divino beber gin, ouvir música, beneficiar do ar condicionado, da relativa vaziez do lugar e ajudar um pouco a N. e o R. Chateia-me verdadeiramente que isto mude de mãos, mesmo pensando que o gajo que aí vem - um madeirense - é bom cozinheiro. Penso que é o da Fabrique, outro desaparecido. Podia fazer um cemitério.

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Informação importante: na estação de comboios da plaza Catalunya, em Barcelona, comi uns bourek de frango excelentes. Escrevo isto para mostrar a toda a gente que sei o que é um bourek. Felizmente «toda a gente» são vinte pessoas, de modo que a minha extraordinária experiência global perde um pouco em vastidão da divulgação. Ganha em qualidade e não pode ser apelidada de pedantismo. Mesmo sendo os meus os melhores leitores do mundo ninguém é pedante para vinte pessoas.

Estou optimista, essa é que é essa. Saber o BP em paz alivia-me. Como se um proxeneta pensasse que uma das suas senhoras tem sífilis e afinal tem só gonorreia.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.