Hoje cortei as unhas. As das mãos, não as dos pés, que ficam para depois. Tenho andado a tentar descobrir qual o ratio corte das unhas das mãos / corte das unhas dos pés. Estimo-o em três para um. Isto é, por cada três vezes que corto as unhas das mãos corto uma as dos pés. Não sei qual é o ratio normal e isso preocupa-me. Gosto de ter a certeza de que faço parte da normalidade, de que estou no intervalo de valores do normal.
Talvez esta preocupação a alguns pareça de somenos. Ridícula, até. Eu não penso assim. Um dia conheci uma miúda loira, bonita, um bocadinho pouco interessante. Ia casar-se com um gajo que trabalhava no Médio Oriente e ganhava muito bem. Sei isto porque ela mo disse. Era visivelmente daquelas que primeiro escolhem o porta-moedas e depois o homem. Se forem os dois aprovados vai ao altar sem perder muito tempo. Um dia (frequentámo-nos uma semana ou duas, até nos fartarmos um do outro ou ela descobrir que o meu porta-moedas estava tão vazio como a cabeça dela; ou eu que mamas sem nada acima é demasiado cansativo) disse-me que a coisa que mais a desgostava num homem eram as unhas sujas. Olhei ostensivamente para as minhas, não fosse ela julgar que o que ela dizia me era profundamente indiferente.
Estavam limpas. Não me lembro de onde isto se passou. Aborrece-me mais do que não ter a certeza sobre o ratio do corte de unhas mãos / pés. As minhas memórias andam constantemente à procura de um lugar, como se sem uma localização estivessem incompletas. Folhas caídas de uma árvore, arrastadas pelo vento.
Não sei. Talvez seja isso. A loira tinha uma amiga mais alta, mais magra e menos parva. Um dia disse-lhe que estava farto da amiga e queria ir para a cama com ela.
Deu-me tampa. Não queria trocar uma longa amizade por um amor que sabia fugaz, breve. Apesar de compreender que eu estivesse farto da outra. "Ela é muito cansativa, eu sei".
Nunca mais as vi e só me lembro delas quando corto as unhas das mãos. E mesmo assim nem todas. Talvez valesse a pena descobrir de quantos em quantos cortes de unhas me lembro daquela miúda. As relações são coisas importantes, pelo menos as numéricas. Das outras ignoro mais do que sei. Por isso gosto tanto de números: ajudam-me a perceber o que sem eles me escapa, incluíndo loiras.
Talvez esta preocupação a alguns pareça de somenos. Ridícula, até. Eu não penso assim. Um dia conheci uma miúda loira, bonita, um bocadinho pouco interessante. Ia casar-se com um gajo que trabalhava no Médio Oriente e ganhava muito bem. Sei isto porque ela mo disse. Era visivelmente daquelas que primeiro escolhem o porta-moedas e depois o homem. Se forem os dois aprovados vai ao altar sem perder muito tempo. Um dia (frequentámo-nos uma semana ou duas, até nos fartarmos um do outro ou ela descobrir que o meu porta-moedas estava tão vazio como a cabeça dela; ou eu que mamas sem nada acima é demasiado cansativo) disse-me que a coisa que mais a desgostava num homem eram as unhas sujas. Olhei ostensivamente para as minhas, não fosse ela julgar que o que ela dizia me era profundamente indiferente.
Estavam limpas. Não me lembro de onde isto se passou. Aborrece-me mais do que não ter a certeza sobre o ratio do corte de unhas mãos / pés. As minhas memórias andam constantemente à procura de um lugar, como se sem uma localização estivessem incompletas. Folhas caídas de uma árvore, arrastadas pelo vento.
Não sei. Talvez seja isso. A loira tinha uma amiga mais alta, mais magra e menos parva. Um dia disse-lhe que estava farto da amiga e queria ir para a cama com ela.
Deu-me tampa. Não queria trocar uma longa amizade por um amor que sabia fugaz, breve. Apesar de compreender que eu estivesse farto da outra. "Ela é muito cansativa, eu sei".
Nunca mais as vi e só me lembro delas quando corto as unhas das mãos. E mesmo assim nem todas. Talvez valesse a pena descobrir de quantos em quantos cortes de unhas me lembro daquela miúda. As relações são coisas importantes, pelo menos as numéricas. Das outras ignoro mais do que sei. Por isso gosto tanto de números: ajudam-me a perceber o que sem eles me escapa, incluíndo loiras.