31.1.09
Título
"Mãe de Sócrates comprou a pronto apartamento a “offshore” e declarou menos de 250 euros".
Não percebo porque é que o Público considera relevante o facto de a senhora ter declarado menos de 250 euros. É evidente que foi dinheiro que lhe sobrou depois da compra da casa, coitada.
Não percebo porque é que o Público considera relevante o facto de a senhora ter declarado menos de 250 euros. É evidente que foi dinheiro que lhe sobrou depois da compra da casa, coitada.
"Implacablement"
"Un Vendée Globe, c'est du 24h/24h, du sept jours sur sept, pendant trois mois. Et, croyez-moi, c'est usant. Même quand on s'amuse à jouer avec les dépressions, anticyclones, dorsales et autres isobares. Même quand on a pris un malin plaisir à garder pour soi ses malheurs techniques ou états d'âme, pour ne pas alimenter le moral des concurrents ou par jeu. Même quand on est leader pendant la deuxième moitié de la course. Même quand on n'a fait en moyenne qu'une manoeuvre par jour (alors que les terriens pensent qu'on est exténué par les efforts physiques). Même quand on s'approche de la ligne d'arrivée. C'est ça l'histoire de trois mois résumée en un mot: usant. Mais tellement beau de s'y accomplir. Implacablement."
Michel Desjoyaux termina amanhã o Vendée Globe. Se não lhe acontecer nada até à chegada fez uma das mais magníficas regatas de que tenho memória.
Michel Desjoyaux termina amanhã o Vendée Globe. Se não lhe acontecer nada até à chegada fez uma das mais magníficas regatas de que tenho memória.
30.1.09
Serviço Público - Restaurantes
O restaurante O Arco, na rua dos Sapateiros 161, só abre aos almoços - com excepção dos domingos, dia em que está fechado para um mais do que legítimo "Descanso do pessoal". Há três alternativas: um buffet, a 6 euros, que voz amiga e avisada me diz ser "fraquito"; um menu à la carte; e o menu "Lusófono". Deste, só provei o Chacuti, que aconselho veementemente.
O dito chacuti - um dos meus pratos favoritos da comida goesa - pode ser acompanhado pelos melhores achares de Lisboa, por uma ou duas cervejas e precedido por duas chamuças (correctas, sem mais) - tudo a isto a um preço correctíssimo.
O facto de o restaurante pertencer ao senhor que me vendia gelados em Quelimane só acrescenta ao seu charme.
Restaurante O Arco, rua dos Sapateiros 161. Fecha aos Domingos.
O dito chacuti - um dos meus pratos favoritos da comida goesa - pode ser acompanhado pelos melhores achares de Lisboa, por uma ou duas cervejas e precedido por duas chamuças (correctas, sem mais) - tudo a isto a um preço correctíssimo.
O facto de o restaurante pertencer ao senhor que me vendia gelados em Quelimane só acrescenta ao seu charme.
Restaurante O Arco, rua dos Sapateiros 161. Fecha aos Domingos.
Labels:
Restaurantes Lisboa
Dos afectos e sua diluição
Ele tentava diluir um desmesurado amor por Lisboa em quantidades fluviais, tágicas, de Ginginha. Mas tudo o que conseguiu foi descobrir-se uma vocação - até aí ignorada - de bígamo.
Susto
Ou o tipo é muito bom, ou é totalmente inconsciente. Ou os dois:
Susto en Zumaia
(a ver. Absolutamente impressionante).
29.1.09
Histórias fictícias, produções inventadas
Hoje recebi um SMS de um número que não conheço, assinado "Uma muda". Eu gosto de aliterações, dissonâncias, eufonias, cacofonias e cacófatos; mas este não me soa bem. Não poderia trocar-se "uma" por "ama"?
Sei lá, por exemplo: "ama muda e sai calada"...
Sei lá, por exemplo: "ama muda e sai calada"...
28.1.09
Serviço Público - Restaurantes
Uma pessoa (ou duas, neste caso concreto) anda pelas imediações do Chiado à procura de um restaurante onde comer; só lhe aparecem rococós de plástico: conceitos, mesas, toalhas, menus, decorações, sorrisos de plástico. Até as empregadas são de plástico, ou da plástica.
De repente dá de chofre com a Pastelaria - Restaurante "Popular do Capelo", nos nº 8- 12 da rua do mesmo nome. Nem é preciso entrar para ver que se trata de um daqueles bons, velhos, resistentes restaurantes à antiga portuguesa, onde não há uma empregada à vista (se as houver estão na cozinha, o que às vezes até é pena), onde a meia-dose de cozido à Portuguesa chega para uma família de 5 pessoas (enfim, se os três mais novinhos ainda estiverem a biberon e um dos dois mais velhos enfastiado, mas isso é outra questão), e o vinho...
Ah, o vinho; já por aqui o disse, algures: gosto de vinhos, e de mulheres, que deixam um traço, que arranham ao entrar e deixam marcas à saída, que se sentem entre uma e outra. O vinho da casa da Pastelaria - Restaurante "Popular do Capelo" é desses (pelo menos até chegar o cozido. Depois suaviza-se bastante - o que só serve para demonstrar que é realmente boa pessoa).
Fecha aos sábados e domingos - ninguém é perfeito, excepto provavelmente Marilyn Monroe e essa (é porque) já morreu.
De repente dá de chofre com a Pastelaria - Restaurante "Popular do Capelo", nos nº 8- 12 da rua do mesmo nome. Nem é preciso entrar para ver que se trata de um daqueles bons, velhos, resistentes restaurantes à antiga portuguesa, onde não há uma empregada à vista (se as houver estão na cozinha, o que às vezes até é pena), onde a meia-dose de cozido à Portuguesa chega para uma família de 5 pessoas (enfim, se os três mais novinhos ainda estiverem a biberon e um dos dois mais velhos enfastiado, mas isso é outra questão), e o vinho...
Ah, o vinho; já por aqui o disse, algures: gosto de vinhos, e de mulheres, que deixam um traço, que arranham ao entrar e deixam marcas à saída, que se sentem entre uma e outra. O vinho da casa da Pastelaria - Restaurante "Popular do Capelo" é desses (pelo menos até chegar o cozido. Depois suaviza-se bastante - o que só serve para demonstrar que é realmente boa pessoa).
Fecha aos sábados e domingos - ninguém é perfeito, excepto provavelmente Marilyn Monroe e essa (é porque) já morreu.
Labels:
Restaurantes Lisboa
27.1.09
Os restos do dia
Sessão na Livraria Trama, a Galileu de Lisboa (em ligeiramente melhor no que respeita à escolha de livros e às sessões que por lá acontecem, igual no amor aos livros, na qualidade do que é exposto, no acolhimento).
Uma exposição informal, animada, rica com José Pedro Serra, doutor em Cultura Clássica pela Universidade de Lisboa, autor de Pensar o Trágico, sobre a Tragédia Grega.
A Tragédia como estilo literário desapareceu; mas como experiência humana não: enquanto houver morte, enquanto houver fragilidade, enquanto o homem for um ponto entre o tudo e o nada haverá tragédia. E, acrescento eu, se hoje a vulgaridade, o relativismo, a aparência de liberdade dominam, se o conflito e a culpa já não são essenciais, divinos e se banalizaram numa mera dúvida; se - volto à fonte - a luta entre o Homem e Deus se reduz a uma crise de inteligibilidade, não se deve perder a esperança: o homem há-de sempre poder dizer "eu quero a fatalidade". "Ser livre é podermos escolher as nossas próprias prisões" - e nunca teremos que as fazer, espero.
Logo seguida de uma exposição de fotografia na Pente 10: "The Inner World of Valentina 170167". Fotografia contemporânea no seu melhor, se bem que a exposição seja por vezes desequilibrada - e estivesse muita gente, era a inauguração. É preciso lá voltar, com mais calma.
Uma exposição informal, animada, rica com José Pedro Serra, doutor em Cultura Clássica pela Universidade de Lisboa, autor de Pensar o Trágico, sobre a Tragédia Grega.
A Tragédia como estilo literário desapareceu; mas como experiência humana não: enquanto houver morte, enquanto houver fragilidade, enquanto o homem for um ponto entre o tudo e o nada haverá tragédia. E, acrescento eu, se hoje a vulgaridade, o relativismo, a aparência de liberdade dominam, se o conflito e a culpa já não são essenciais, divinos e se banalizaram numa mera dúvida; se - volto à fonte - a luta entre o Homem e Deus se reduz a uma crise de inteligibilidade, não se deve perder a esperança: o homem há-de sempre poder dizer "eu quero a fatalidade". "Ser livre é podermos escolher as nossas próprias prisões" - e nunca teremos que as fazer, espero.
Logo seguida de uma exposição de fotografia na Pente 10: "The Inner World of Valentina 170167". Fotografia contemporânea no seu melhor, se bem que a exposição seja por vezes desequilibrada - e estivesse muita gente, era a inauguração. É preciso lá voltar, com mais calma.
26.1.09
Educação sentimental
Este post devia ser de presença obrigatória no exame do segundo ano do liceu (se é que ainda existem tais coisas, "exames" e "liceus"; para quem não sabe* corresponde mais ou menos à entrada na puberdade).
E depois ser objecto de uma "revisão da matéria dada" (ou de uma simples leitura pública, seguida de debate) anual até, digamos, à idade da reforma.
Adenda - não é bem "leitura pública seguida de debate". É mais ser decorado, comentado e incluído in extenso em todas as comunicações oficiais.
Adenda 2 - Nada disto: o nosso misericordioso Governo, que tanto se preocupa com a nossa saúde, com o sal no pão e com o bem estar de uma empresa de obras públicas devia tornar obrigatórias as cerimónias de chegada à puberdade; refiro-me àquelas cerimónias e rituais mais ou menos públicos com que algumas sociedades festejam (a meu ver cheias de razão) o fim da infância e o princípio daquilo a que nós chamamos adolescência. E fazer do post parte integrante, obrigatória, do programa de todas elas.
* "Para quem não sabe" é uma expressão que Vasco Pulido Valente usou uma vez referindo-se ao Gambrinus. Infelizmente é impossível não a usar para outros casos.
E depois ser objecto de uma "revisão da matéria dada" (ou de uma simples leitura pública, seguida de debate) anual até, digamos, à idade da reforma.
Adenda - não é bem "leitura pública seguida de debate". É mais ser decorado, comentado e incluído in extenso em todas as comunicações oficiais.
Adenda 2 - Nada disto: o nosso misericordioso Governo, que tanto se preocupa com a nossa saúde, com o sal no pão e com o bem estar de uma empresa de obras públicas devia tornar obrigatórias as cerimónias de chegada à puberdade; refiro-me àquelas cerimónias e rituais mais ou menos públicos com que algumas sociedades festejam (a meu ver cheias de razão) o fim da infância e o princípio daquilo a que nós chamamos adolescência. E fazer do post parte integrante, obrigatória, do programa de todas elas.
* "Para quem não sabe" é uma expressão que Vasco Pulido Valente usou uma vez referindo-se ao Gambrinus. Infelizmente é impossível não a usar para outros casos.
O nascimento de um amor - II
É um conjunto de estradas cheio de circunvalações, bifurcações, altos, baixos, stops e rectas sem fim, cruzamentos e passagens de nível ao fim do qual estamos exactamente onde estávamos antes de estarmos. E, o que é pior, pouco sabendo mais.
Retratos impossíveis
I
Era bom, de uma bondade infinita, interminável, invasiva como o sol no deserto. A bondade escorria-lhe pela pele como gordura por um bocado de toucinho.
II
A tristeza lia-se-lhe na cara, no sobretudo, nas mãos escondidas no fundo dos bolsos. Arrastava-a com ele como as empregadas filipinas nos aeroportos, quando voltam para casa: puxam umas malas maiores que elas, com rodas que gemem debaixo daquele peso todo e se encravam mesmo antes das escadas rolantes. Ele tinha-se, visivelmente, encravado antes da vida, e não havia ninguém à vista para o ajudar a subi-la.
III
Parecia um escuteiro perverso: sofria com as boas acções que fazia.
Freeport
Uma das linhas de defesa do Primeiro-Ministro e daqueles que o apoiam é que o processo só apareceu agora "devido às eleições".
Não sei se é verdade; se for, é mais um argumento a favor das eleições - todos os anos, se possível.
Não sei se é verdade; se for, é mais um argumento a favor das eleições - todos os anos, se possível.
25.1.09
24.1.09
Uma boa notícia
"La nouvelle alliance Congo-Rwanda marque la fin d'une guerre de douze ans". Já não era sem tempo.
23.1.09
O lado errado
Guantánamo é indefensável. Mas este senhor estragou o filme: em Guantánamo os maus são americanos e os presos bons. Esta história desarranja o esquema todo, é uma maçada.
(Via O Cachimbo de Magritte)
(Via O Cachimbo de Magritte)
Sinopse
A ideia era fazer um filme realista, no qual as pessoas se conhecem, amam, perdem de vista, reencontram, casam, têm filhos e são felizes para sempre.
Mas a certa altura ele encontra uma barmaid chinesa que lhe dá cursos de fotografia zen, e o sempre reduz-se um bocadinho; ela conhece um escritor desempregado, revoltado e magro (desculpem o cliché: a vida é - ou devia ser - feita deles também) - e lá vai mais um bocadinho do sempre; o filho mais velho é toxicómano, ou infeliz, ou apanhado a roubar livros de catequese numa livraria católica; a filha morre na Croácia, ou vai trabalhar para um bar concorrente do da amante do pai, onde um dia a surpreende a fazer-lhe um fellatio com um dedo enfiado pelo rabo acima. O mundo desmorona-se e reconstrói-se a cada instante e os sempre sucedem-se como gotas de chuva.
Semnpre não passa de uma sucessões de nuncas, separados por breves intervalos. É nesses intervalos que vivemos. A vida é uma sequência de curtas-metragens sem fim à vista.
Mas a certa altura ele encontra uma barmaid chinesa que lhe dá cursos de fotografia zen, e o sempre reduz-se um bocadinho; ela conhece um escritor desempregado, revoltado e magro (desculpem o cliché: a vida é - ou devia ser - feita deles também) - e lá vai mais um bocadinho do sempre; o filho mais velho é toxicómano, ou infeliz, ou apanhado a roubar livros de catequese numa livraria católica; a filha morre na Croácia, ou vai trabalhar para um bar concorrente do da amante do pai, onde um dia a surpreende a fazer-lhe um fellatio com um dedo enfiado pelo rabo acima. O mundo desmorona-se e reconstrói-se a cada instante e os sempre sucedem-se como gotas de chuva.
Semnpre não passa de uma sucessões de nuncas, separados por breves intervalos. É nesses intervalos que vivemos. A vida é uma sequência de curtas-metragens sem fim à vista.
Birth of a love
O nascimento de um amor é uma mistura enigmática, imprevisível e intrigante de nós e do outro, de passados, futuros e medos diversos, de desejos e dúvidas, cheiros e peles, olhares e cabelos, camas desfeitas e esperas intermináveis.
22.1.09
Excelência
Hoje ouvi a expressão "futebol de excelência"; mais do que um oxímoro (que também é) é uma impossibilidade conceptual.
Claro que todos nós já vimos um golo fabuloso, ou um excelente jogo de futebol. Mas isso é como dizer que certas merdas são menos malcheirosas do que outras. São; mas não deixam de ser merdas.
Claro que todos nós já vimos um golo fabuloso, ou um excelente jogo de futebol. Mas isso é como dizer que certas merdas são menos malcheirosas do que outras. São; mas não deixam de ser merdas.
21.1.09
Apenas
"Tendo contado apenas com a abstenção do PS, PSD e CDS-PP..."
Apenas. Nunca pensei que se pudessem atribuir vários sentidos a esta palavra - e que todos eles me enraivecessem tanto. Gostaria realmente que alguém me explicasse porque é que o CDS e o PSD não votaram contra, e apenas se abstiveram.
Apenas. Nunca pensei que se pudessem atribuir vários sentidos a esta palavra - e que todos eles me enraivecessem tanto. Gostaria realmente que alguém me explicasse porque é que o CDS e o PSD não votaram contra, e apenas se abstiveram.
20.1.09
Afrodisíacos
Já por aqui o tenho dito muitas vezes: o mais potente dos afrodisíacos é um cérebro bonito, eficaz, rico. Não percebo porque é que esta simples e humilde verdade não deixa de me surpreender, cada vez que sou confrontado com ela.
As hiper-potências e a semântica
Antigamente, àquilo que Obama fez hoje chamava-se em português "tomada de posse". Agora, até a malta que daqui a meia-dúzia de meses vai bramar contra a hiper-potência americana (e contra a desilusão, mas isso é outra história) diz "inauguração".
António Costa
António Costa é presidente da Cãmara Municipal de Lisboa há um ano e meio. Parece que foi ontem. Não que o tempo tenha passado particularmente depressa - mas pelo que se vê do que ele faz.
Cabeça vs. Coração; ou Notas dispersas sobre a sedução, e o darwinismo
Um processo de sedução deve começar com a cabeça e continuar com o coração. Fazer ao contrário torna tudo muito mais doloroso, aumenta os riscos de insucesso e - o que é pior - aumenta os riscos de as coisas correrem mal depois de atingido o objectivo.
De um ponto de vista darwinista, claro.
De um ponto de vista darwinista, claro.
Primavera
Já a primavera está à porta, querida - amanhã, depois ou pouco mais. E poderemos então dizer: "Fizémos bem. O inverno não é tempo para se andar sozinho".
19.1.09
Coragem
Tanta coragem, tanta coragem e afinal dá nisto:
"Le lanceur de chaussures sur Bush demande l'asile politique à la Suisse"
"Le lanceur de chaussures sur Bush demande l'asile politique à la Suisse"
O bush expiatório
Um dos melhores autores de banda desenhada sobre a vela chama-se Mike Peyton. Tem histórias hilariantes - se bem seja, infelizmente, necessário estar dentro do meio para as saborear inteiramente. Há uma, contudo, que é facilmente transponível para outros contextos - e na qual não deixo de pensar cada vez que leio notícias ou posts como este.
Duas senhoras, visivelmente mãe e filha, estão sentadas na sala de um apartamento, a fazer crochet. O telefone toca e a mais nova vai responder. Depois explica à mãe: "Era o John. Encalhou o barco. Estou curiosa de ver como vai conseguir demonstrar que a culpa é minha".
Duas senhoras, visivelmente mãe e filha, estão sentadas na sala de um apartamento, a fazer crochet. O telefone toca e a mais nova vai responder. Depois explica à mãe: "Era o John. Encalhou o barco. Estou curiosa de ver como vai conseguir demonstrar que a culpa é minha".
Quizzes
Hoje lembrei-me de ir ver todos os testes e quizzes que fiz (e pus no DV, coitado).
(19.12.06) Great Jobs For You
Because of the way you process information, these are just some of the many careers in which you could excel:
• Writer
• Translator
• Publisher
• Attorney
• Poet
• Politician
• Journalist
• Lecturer
(31.07.05) The Keys to Your Heart
You are attracted to those who are unbridled, untrammeled, and free.
In love, you feel the most alive when your lover is creative and never lets you feel bored.
You'd like to your lover to think you are optimistic and happy.
You would be forced to break up with someone who was emotional, moody, and difficult to please.
Your ideal relationship is lasting. You want a relationship that looks to the future... one you can grow with.
Your risk of cheating is zero. You care about society and morality. You would never break a commitment.
Your Hidden Talent
You are a great communicator. You have a real way with words.
You're never at a loss to explain what you mean or how you feel.
People find it easy to empathize with you, no matter what your situation.
When you're up, you make everyone happy. But when you're down, everyone suffers.
(16.05.05) What's Your Personality Type?
The Visionary
You are charming, outgoing, friendly. You make a good first impression.
You possess good negotiating skills and can convince anyone of anything.
Happy to be the center of attention, you love to tell stories and show off.
You're very clever, but not disciplined enough to do well in structured environments.
You would make a great entrepreneur, marketing executive, or actor.
The Thinker
You are analytical and logical - and on a quest to learn everything you can.
Smart and complex, you always love a new intellectual challenge.
Your biggest pet peeve is people who slow you down with trivial chit chat.
A quiet maverick, you tend to ignore rules and authority whenever you feel like it.
You would make an excellent mathematician, programmer, or professor
The Inspirer
You love being around people, and you are deeply committed to your friends.
You are also unconventional, irreverant, and unimpressed by authority and rules.
Incredibly perceptive, you can usually sense if someone has hidden motives.
You use lots of colorful language and expressions. You're qutie the storyteller!
You would make an excellent entrepreneur, politician, or journalist.
(18.01.05) What breed of cat are you? (este dedico-o à Teresa, claro)
You are a Random cat! Also known as an alley cat
or a mutt. You aren't given to high-falutin'
ways, but you're accessible and popular.
People love you for who you are, not what you
are.
(19.12.06) Great Jobs For You
Because of the way you process information, these are just some of the many careers in which you could excel:
• Writer
• Translator
• Publisher
• Attorney
• Poet
• Politician
• Journalist
• Lecturer
(31.07.05) The Keys to Your Heart
You are attracted to those who are unbridled, untrammeled, and free.
In love, you feel the most alive when your lover is creative and never lets you feel bored.
You'd like to your lover to think you are optimistic and happy.
You would be forced to break up with someone who was emotional, moody, and difficult to please.
Your ideal relationship is lasting. You want a relationship that looks to the future... one you can grow with.
Your risk of cheating is zero. You care about society and morality. You would never break a commitment.
Your Hidden Talent
You are a great communicator. You have a real way with words.
You're never at a loss to explain what you mean or how you feel.
People find it easy to empathize with you, no matter what your situation.
When you're up, you make everyone happy. But when you're down, everyone suffers.
(16.05.05) What's Your Personality Type?
The Visionary
You are charming, outgoing, friendly. You make a good first impression.
You possess good negotiating skills and can convince anyone of anything.
Happy to be the center of attention, you love to tell stories and show off.
You're very clever, but not disciplined enough to do well in structured environments.
You would make a great entrepreneur, marketing executive, or actor.
The Thinker
You are analytical and logical - and on a quest to learn everything you can.
Smart and complex, you always love a new intellectual challenge.
Your biggest pet peeve is people who slow you down with trivial chit chat.
A quiet maverick, you tend to ignore rules and authority whenever you feel like it.
You would make an excellent mathematician, programmer, or professor
The Inspirer
You love being around people, and you are deeply committed to your friends.
You are also unconventional, irreverant, and unimpressed by authority and rules.
Incredibly perceptive, you can usually sense if someone has hidden motives.
You use lots of colorful language and expressions. You're qutie the storyteller!
You would make an excellent entrepreneur, politician, or journalist.
(18.01.05) What breed of cat are you? (este dedico-o à Teresa, claro)
You are a Random cat! Also known as an alley cat
or a mutt. You aren't given to high-falutin'
ways, but you're accessible and popular.
People love you for who you are, not what you
are.
Mudança vs. adaptação
Mudar Portugal é possível, claro: veja-se o caso das passadeiras para peões, por exemplo, nas quais todos os carros hoje param; ou o dos autocarros - tentem sair fora de uma paragem, e comparem a resposta do condutor com a que teriam há seis anos.
Mas isso são epifenómenos. As mudanças verdadeiramente importantes - na burocracia, na educação, na justiça, na atitude dos Governos em relação ao povo - são, cada vez me convenço mais, impossíveis. Mais vale adaptarmo-nos do que esbracejar.
Mas isso são epifenómenos. As mudanças verdadeiramente importantes - na burocracia, na educação, na justiça, na atitude dos Governos em relação ao povo - são, cada vez me convenço mais, impossíveis. Mais vale adaptarmo-nos do que esbracejar.
Outros mundos
Hoje jantava com um amigo suíço que me explicava que a burocracia em Genève está cada vez pior e que se ele quer obter uma resposta de um funcionário público (a empresa dele trabalha sobretudo com o Estado) ao fim de uma semana "tem que pegar no telefone e forçá-los". Se não, continua com cara de quem acaba de assistir a um tremor de terra, "tem que esperar dez dias, ou mesmo quinze".
18.1.09
Serviço público - Exposições
BES Art, no CCB até 25 de Janeiro.
Uma magnífica exposição, muito transversal, na qual se podem ver todas as tendências da fotografia actual - incluindo os seus aspectos menos interessantes.
Uma magnífica exposição, muito transversal, na qual se podem ver todas as tendências da fotografia actual - incluindo os seus aspectos menos interessantes.
Labels:
Exposições
Serviço Público - Restaurantes
O caril de camarão e a chamuça andavam pelo Suficiente menos. O Xacúti de Galinha, os paparis, a decoração, o serviço e o preço pelo Bom.
Uma boa morada, que fecha às 2ª-feiras e aos Domingos à noite. Delícias de Goa - Conde Redondo, 2. Tel.: 213 542 668
Uma boa morada, que fecha às 2ª-feiras e aos Domingos à noite. Delícias de Goa - Conde Redondo, 2. Tel.: 213 542 668
Labels:
Restaurantes Lisboa
Palavras
Era um homem de poucas palavras: passara uma vida inteira e metade doutra a tentar reduzi-las ao mínimo indispensável.
Porque gosto tanto de revistas femininas...
...(só tenho pena de não ter paciência para as ler, mas isso é outra história).
Adenda: a diferença entre sexo e erotismo é de um hiper-realismo assombroso. Não sei a que grupo de idade se dirige a "Happy Woman", mas a julgar pela capa é a um target jovem.
Que tristeza.
Adenda: a diferença entre sexo e erotismo é de um hiper-realismo assombroso. Não sei a que grupo de idade se dirige a "Happy Woman", mas a julgar pela capa é a um target jovem.
Que tristeza.
A tranquilizante alcova da desconfiança
Acreditar em ti foi um erro. Não acreditar foi outro, maior ainda.
Erros crassos, verdades perenes
O amor é a estratégia de sedução dos idiotas, dos optimistas e dos ingénuos (não são os mesmos).
17.1.09
As garças, e os quizzes do dia
Hoje no Vida dos meus Dias há mais uma fotografia de uma garça, uma ave (e uma palavra) de que gosto particularmente.
E um quizz. Tal como a Ana, há muito tempo que não fazia um quizz. Este é muito bom, porque é curto (5 perguntas) e extremamente fiável, credível, exacto:
You Are Iron |
You are often at conflict with your primal urges, but you don't let on to this inner turmoil. You are also very agile and flexible. Once you change course, you commit to it. You are a person who is more substance than style. You prefer to let your actions speak for you. |
Dias, vidas
Adormecer contigo, acordar para ti - conheço poucas razões que melhor justifiquem um dia, uma vida.
Acreditar
Acreditar no outro requer inteligência. Não acreditar é o mais fácil. Ao fim de meia dúzia de anos é um sintoma de estupidez; ou pior, de falta de capacidade para viver fora da concha protectora da desconfiança.
Acreditar exige uma certa capacidade de sobreviver à dor, à desilusão; de ser capaz de construir qualquer coisa num mundo que se sabe não ser perfeito. A desconfiança é uma redoma protectora que nos isola dele, e da vida. É a melhor forma de garantirmos que o futuro é cinzento - doce, segura e tranquilizante alcova.
Acreditar exige uma certa capacidade de sobreviver à dor, à desilusão; de ser capaz de construir qualquer coisa num mundo que se sabe não ser perfeito. A desconfiança é uma redoma protectora que nos isola dele, e da vida. É a melhor forma de garantirmos que o futuro é cinzento - doce, segura e tranquilizante alcova.
16.1.09
As quintas da Esplanada
O Restaurante Esplanada do Princípe Real renova o seu desafio:
Caros amigos
Depois de terem perdido a fantástica oportunidade do menu de 8 de Janeiro, nomeadamente o famoso "Entrecosto no Forno com Mel e Alecrim", vamos passar directamente para a América do Sul, com duas especialidades Venezuelanas. É já no dia 22 de Janeiro.O Presidente Chavez será convidado!
Então lá vai:
Entrada - Arepas com recheios variados
Prato Principal - Pabellon criollo com banana frita
Sobremesa - Queijo de cabra com doce de melão
Vinho - Quinta de S.Simão ( Dão)
Café
Aguardentes artesanais de pera, laranja, ameixa e uva
Preço- 20 euros
Renovo o desafio!! Quem se achar capaz de propor e FAZER um jantar para os amigos pode avançar!
É só combinar os detalhes.
Um abraço
Carlos Daniel
As inscrições são feitas aqui para o DV: Lserpa@gmail.com. Pagamento no restaurante. Apareçam e divulguem.
Caros amigos
Depois de terem perdido a fantástica oportunidade do menu de 8 de Janeiro, nomeadamente o famoso "Entrecosto no Forno com Mel e Alecrim", vamos passar directamente para a América do Sul, com duas especialidades Venezuelanas. É já no dia 22 de Janeiro.O Presidente Chavez será convidado!
Então lá vai:
Entrada - Arepas com recheios variados
Prato Principal - Pabellon criollo com banana frita
Sobremesa - Queijo de cabra com doce de melão
Vinho - Quinta de S.Simão ( Dão)
Café
Aguardentes artesanais de pera, laranja, ameixa e uva
Preço- 20 euros
Renovo o desafio!! Quem se achar capaz de propor e FAZER um jantar para os amigos pode avançar!
É só combinar os detalhes.
Um abraço
Carlos Daniel
As inscrições são feitas aqui para o DV: Lserpa@gmail.com. Pagamento no restaurante. Apareçam e divulguem.
Nesse país
Nesse país já fui rei e pedinte, burguês abastado e hippie pedrado, franciscano e jesuíta, carmelita e salesiano, anjo e demónio, vítima e carrasco.
15.1.09
Palitos
Os palitos, minha senhora, são um fenómeno (e um objecto) exclusivamente masculino. As senhoras não os têm (e muito menos os usam, mas isso é outra história).
Já quanto aos homens é mais complexo: há quem os tenha, quem os sinta, quem saiba e quem não se importe.
Já quanto aos homens é mais complexo: há quem os tenha, quem os sinta, quem saiba e quem não se importe.
Cafés
Onde antigamente havia o Café Nacala (que de Nacala tinha tanto como eu de franciscano) abriu agora o Café Mindelo. Vou lá muitas vezes: já fui cabo-verdiano.
(Rua das Portas de Sto. Antão, 63. Não é bem um café.)
(Rua das Portas de Sto. Antão, 63. Não é bem um café.)
Charuto
"Um charuto acende-se devagar, como uma senhora, ou certas noites". Infelizmente, a empregada da tabacaria era demasiado jovem para perceber o que eu queria dizer.
E eu insuficientemente velho - ou demasiado optimista - para não lhe explicar porque precisei de três fósforos para o acender.
E eu insuficientemente velho - ou demasiado optimista - para não lhe explicar porque precisei de três fósforos para o acender.
Amor
Há muitas definições de amor, todas elas muito complicadas. Envolvem feromonas, hormonas, sabe Deus.
O amor é uma coisa simples: consiste em poder despir-me à tua frente.
O amor é uma coisa simples: consiste em poder despir-me à tua frente.
Sem ti - IV
Passeio pela cidade. Sem ti, é como se me passeasse nu pelas ruas e ninguém visse.
Não: é como se todos os outros estivessem nus.
Não: é como se todos os outros estivessem nus.
Sem ti - III
Eu sei que há uma vida, sem ti. Mas seria preciso descobri-la; e a vontade é pouca, muito pouca.
A cidade e tu
A cidade fica outra, e melhor depois de um almoço contigo. Quase tudo fica melhor, na verdade: a cidade, o rio, a chuva, o chá. Até a esperança muda, imagina.
Como se começasse, de novo, a haver esperança.
Como se começasse, de novo, a haver esperança.
14.1.09
Lisboa e Tejo e Tudo
O site da Associação Lisboa e Tejo e Tudo está finalmente activo e deve ser visitado.
Alguém me pode beliscar, por favor? - II
O Presidente do Conselho de Administração da APL diz na Assembleia da República que o inevstimento de 240 milhões de euros, os seis anos de obras, a construção de um terminal de cruzeiros fundamentalmente inútil e a ampliação de outro, para contentores, se vão tornar obsoletos em 2018 e não se ouve nem um pio na Imprensa (nem na blogosfera, de passagem seja dito) ?
A cada um os seus sarilhos
Uma amiga minha, protestante suíça, anuncia ao pai que se vai casar com um muçulmano.
- Menos mau - responde-lhe o senhor. - Podia ter sido com um católico.
Isto dito, não percebo a razão de ser dos guinchos que por aí vão. Parece que o senhor disse uma mentira. A desigualdade da mulher no casamento muçulmano não é uma questão de escolha pessoal do marido - é uma questão de doutrina. O que depende da escolha individual é um tratamento igualitário.
PS - Mais, e melhor, aqui, e aqui (se bem não partilhe inteiramente).
- Menos mau - responde-lhe o senhor. - Podia ter sido com um católico.
Isto dito, não percebo a razão de ser dos guinchos que por aí vão. Parece que o senhor disse uma mentira. A desigualdade da mulher no casamento muçulmano não é uma questão de escolha pessoal do marido - é uma questão de doutrina. O que depende da escolha individual é um tratamento igualitário.
PS - Mais, e melhor, aqui, e aqui (se bem não partilhe inteiramente).
13.1.09
Alguém me pode beliscar, por favor?
"APL: capacidade do terminal de contentores esgotada em 2018" (isto é: depois da ampliação).
Mais um, imprescindível
A ler. Aqui.
Extracto: "Ora eu acho que o esforço de distinguir entre um acto de guerra e um acto de terrorismo tem um valor civilizacional importante (mesmo que a guerra seja injusta e o terrorismo compreensível), e, no meu entender, a IDF faz a guerra e o Hamas faz terrorismo. A dificuldade de estabelecer fronteiras entre estas duas formas de provocar a morte não é razão para que não se tente essa higiene."
Um conselho...
... a todos os progressistas que desejam a vitória do Hamas: mudem-se depressa para lá, a Sharia está a chegar:
Palestine: Hamas pushes for Sharia punishments;
Hamas to Impose Sharia Law in Palestinian Territories;
Hamas enacts Islamic (Sharia) laws: Hand amputation, crucifixion, lashes and execution;
Hamas Denies Sharia Penal Code (ler o artigo, é interessante);
Palestine: Hamas pushes for Sharia punishments;
Hamas to Impose Sharia Law in Palestinian Territories;
Hamas enacts Islamic (Sharia) laws: Hand amputation, crucifixion, lashes and execution;
Hamas Denies Sharia Penal Code (ler o artigo, é interessante);
Para terminar - este é o melhor de todos. É de 2006: Hamas: no Sharia, "Christian brothers" are full citizens.
12.1.09
Estranho? Porquê estranho?
O etarra De Juana Chaos participa em Belfast numa manifestação de solidariedade com a Palestina.
Não é estranho que um terrorista marche em favor doutros terroristas. Estranho são os milhares de pessoas que, não sendo terroristas, alinham nessas manipulações.
(Via Mar Salgado)
Não é estranho que um terrorista marche em favor doutros terroristas. Estranho são os milhares de pessoas que, não sendo terroristas, alinham nessas manipulações.
(Via Mar Salgado)
Aquecimento global
Confesso que já estou com saudades do aquecimento global. Se ele prometer voltar eu juro que nunca mais troço dele.
Aliás, até nem precisa de ser global: se for local chega.
Aliás, até nem precisa de ser global: se for local chega.
Directo do Togo
Será que ele foi promovido por se ter ido embora? Devíamos pedir aos senhores do Comité Nobel a criação de um prémio Nobel da desfaçatez. Não o ganharíamos todos os anos, é certo - mas andaríamos lá perto.
O Porto de Lisboa e a Muralha de Aço
O Público tem hoje uma magnífica reportagem sobre o porto de Lisboa. Vê-se que a Cunha Vaz e Associados começou a trabalhar a sério. esperemos que em breve apareça uma reportagem equivalente sobre aquilo que poderia ser feito em Alcântara, se não houvesse lá contentores.
11.1.09
Boas notícias de Cascais
A Casa do Largo reabriu. Isto é: deixou de ser gerida por um parolo ("matarruane", sussurram-me ao ouvido, justa e legitimamente; bimbo). Isto é: pode lá voltar-se. Infelizmente, agora a música é boa; já não se pode reclamar contra ela.
Bullshit
Esta história dos extractores de fumo nos cafés e restaurantes para se poder fumar lá dentro é uma treta do tamanho de Portugal, como de costume: basta estar cinco minutos num desses sítios para que a roupa fique a feder fumo até ao dia seguinte.
Descrença
Não acredito numa só palavra do que dizes. Excepto, claro, se me disseres que me detestas.
Evolução
Se a evolução fizesse bem o seu trabalho o whisky, o vinho e os Alexander iriam directamente para a alma.
- Será que a evolução sabe o que é a alma?
- Será que a evolução sabe o que é a alma?
Prioridades
Se fossem para casa com os ordenados e não fizessem nada provavelmente sairiam mais baratos ao país.
"Deputados socialistas querem reduzir sal no pão "
"Deputados socialistas querem reduzir sal no pão "
Diálogos da vida e morte
- Não sei viver.
- Ninguém sabe. Só se aprende quando se morre.
- Tantas vidas, tão incompletas.
- Todas são: até à morte, pelo menos.
- Ninguém sabe. Só se aprende quando se morre.
- Tantas vidas, tão incompletas.
- Todas são: até à morte, pelo menos.
10.1.09
Confusão
Uma coisa que não deixa de ser irritante na administração pública portuguesa é que trata o sector privado como se fôssemos uma corja de malandros. E não somos; antes pelo contrário: é mais fácil encontrar corruptos, inúteis, parasitas nos organismos que nos envenenam a vida com burocracias alucinantes.
"O seguro morreu de velho, mas a prudência foi ao enterro"
Aconselho a leitura deste comentário no blog da Sedes.
Vidas, misturas
Quatro coisas o interessavam: o mar, a luz, as palavras e as pessoas. A ordem variava; tudo o resto não passava de epifenómenos. Durante uma vida - ou várias - tentou misturar isto tudo.
Centro Comercial do Bairro Alto
Às sextas e sábados, o Bairro Alto tem todos os defeitos de um centro comercial, e nenhuma das virtudes. Devia fechar às dez da noite, e abrir às seis da manhã.
Estilo
O estilo tanto pode ser uma marca de identidade como uma insuportável repetição. A diferença é feita pelo talento.
O peso dos calvinistas
Haverá calvinistas gordos? Isto é, verdadeiros calvinistas? Penso que não. Aí está a solução, meus caros: convertermo-nos todos. Depressa.
A casa e o ideal das tabernas
Hoje fui jantar à Taberna Ideal, outra vez. Já lá não ia há uma eternidade - pelo menos duas semanas, quase três. Tem havido muitas referências, ultimamente, na blogo-coisa. Por mim, nada contra: o que é bom merece ser conhecido.
O problema é que aquilo não é só bom. É um bocadinho mais. É como comer em casa, se tivermos a sorte de viver com alguém que cozinha (e é tão simpática, tão bonita, tem um sorriso tão lindo, e é tão criativa) como a Susana; ou sabermos nós cozinhar dessa forma, mas isso também é pouco provável. Exactamente como comer em casa; só que melhor - porque nem todos os homens têm essas sortes, e esses privilégios, imagino.
Hoje fui lá jantar e lembrei-me da minha avó, que era - não o digo a ninguém que não conheça há pelo menos cinco minutos - a melhor cozinheira do mundo. Não quero comparar a Susana com a senhora, seja lá no que fôr (excepto na cozinha, quase). Mas gostaria de lhe agradecer, se por acaso ela ler este post, a associação. Não é todos os dias que acontece.
Se bem para mim seja um mistério porque é que gostamos de ir a um restaurante que é como em casa: para isso não se sai, se a lógica fosse para aqui chamada. Felizmente não é. E não termos que lavar loiça, claro; e não ser preciso levantar-nos para ir à cozinha buscar o vinho. Na verdade, a Taberna Ideal tem um serviço de fazer empalidecer a DHL, ou aquele mágico que esteve casado com a Claudia Schiffer; só que em vez de desaparecer as coisas materializam-se na nossa mesa como se viessem por telepatia.
Em Genève ou em Paris, não me lembro, há um restaurante chamado Comme à la Maison . Em Lisboa há um que não se chama assim: é.
O problema é que aquilo não é só bom. É um bocadinho mais. É como comer em casa, se tivermos a sorte de viver com alguém que cozinha (e é tão simpática, tão bonita, tem um sorriso tão lindo, e é tão criativa) como a Susana; ou sabermos nós cozinhar dessa forma, mas isso também é pouco provável. Exactamente como comer em casa; só que melhor - porque nem todos os homens têm essas sortes, e esses privilégios, imagino.
Hoje fui lá jantar e lembrei-me da minha avó, que era - não o digo a ninguém que não conheça há pelo menos cinco minutos - a melhor cozinheira do mundo. Não quero comparar a Susana com a senhora, seja lá no que fôr (excepto na cozinha, quase). Mas gostaria de lhe agradecer, se por acaso ela ler este post, a associação. Não é todos os dias que acontece.
Se bem para mim seja um mistério porque é que gostamos de ir a um restaurante que é como em casa: para isso não se sai, se a lógica fosse para aqui chamada. Felizmente não é. E não termos que lavar loiça, claro; e não ser preciso levantar-nos para ir à cozinha buscar o vinho. Na verdade, a Taberna Ideal tem um serviço de fazer empalidecer a DHL, ou aquele mágico que esteve casado com a Claudia Schiffer; só que em vez de desaparecer as coisas materializam-se na nossa mesa como se viessem por telepatia.
Em Genève ou em Paris, não me lembro, há um restaurante chamado Comme à la Maison . Em Lisboa há um que não se chama assim: é.
Retrato, desencontro
Defina-se. Defina-se, diz ele. Como é que se define uma pessoa? Pelo nome? Isso muda-se: chamo-me Paula; Antónia; Vânia. Pela idade? Também: tenho 35 anos; 42; 30. Pela estatura? Isso não posso mudar: sou baixa - 1,68m. Pela aparência? Magra, e tenho um par de mamas muito grande. Sobre isso também não posso mentir. Os homens gostam de mulheres magras com um grande par de mamas. Pelos menos os que vão direitos ao essencial, suponho. Estão a marimbar-se no nome, na idade e no resto.
Não sei se gosto deste gajo. Olha-me muito para as mamas, mas a isso estou habituada. O problema não é esse. O problema sou eu, provavelmente: é demasiado cedo para falar nisso; e demasiado tarde para falar, de todo. Pouco importa o que sou; e menos ainda o que tu vais saber do que sou. Terás que me fazer o retrato lá mais para o verão, se me apetecer. Por agora ficas-te com um nome - inventa o que quiseres - e uma idade, idem.
Não sei se gosto deste gajo. Olha-me muito para as mamas, mas a isso estou habituada. O problema não é esse. O problema sou eu, provavelmente: é demasiado cedo para falar nisso; e demasiado tarde para falar, de todo. Pouco importa o que sou; e menos ainda o que tu vais saber do que sou. Terás que me fazer o retrato lá mais para o verão, se me apetecer. Por agora ficas-te com um nome - inventa o que quiseres - e uma idade, idem.
9.1.09
O frio do dia
Le bar est très petit; un minuscule bar à vins avec trois ou quatre tables et une musique superbe, parfois. Derrière il y a une terrasse, petite elle aussi; mais on ne peut y aller qu'en été.
Os portugueses descobrem os vinhos, as viagens, as lojas "gourmet" (é impossível não ouvir as conversas das outras mesas, sobretudo se se está sozinho e com os sentidos hiper-sensíveis) com uma ingenuidade enternecedora, por vezes; outras, com um insuportável pedantismo - mas sempre com um entusiasmo notável.
Naquela mesa não é o caso. São três, aparentemente todos professores, e todos residentes ou ex-residentes no estrangeiro. A senhora tem um rosto particular: não é muito bonita, mas tem um olhar e uma voz doces como o fim de um dia na Barra, daqueles em que o sol quase parece pedir desculpa à cidade por ter de se despedir, muito gentilmente. Fala suavemente, em frases bem construídas e articuladas. Nas vírgulas sorri; nos pontos e vírgula também, um bocadinho mais demoradamente. Nos pontos, olha para cada dos seus companheiros, como se lhes perguntasse "perceberam? posso continuar?". Não percebo de que é professora, mas deve ser excelente - como pedagoga, mulher, mãe, pessoa.
Um dos seus colegas de mesa vai dar aulas "no Novo Mundo" - não percebo onde. A música é de Ali Farka Touré e Toumané Diabaté; o vinho, um Quinta das Baldias LBV 2003, pouco interessante; o dia, frio e soalheiro - uma mistura da qual gosto desde que pela primeira vez as vi, na Rússia (só que aí a temperatura era de menos vinte, ou menos trinta . Até o sol tremia).
O dia chegou ao fim. O frio continua. Tenho fome: é bom sinal. Durante muito tempo perguntava-me "onde ir jantar?", e logo a seguir, antes mesmo de ter encontrado a resposta, "porquê?". Depois tentava responder às duas perguntas, para disfarçar, mas nem sempre era fácil. Hoje não sei onde vou jantar, mas sei porquê.
Os portugueses descobrem os vinhos, as viagens, as lojas "gourmet" (é impossível não ouvir as conversas das outras mesas, sobretudo se se está sozinho e com os sentidos hiper-sensíveis) com uma ingenuidade enternecedora, por vezes; outras, com um insuportável pedantismo - mas sempre com um entusiasmo notável.
Naquela mesa não é o caso. São três, aparentemente todos professores, e todos residentes ou ex-residentes no estrangeiro. A senhora tem um rosto particular: não é muito bonita, mas tem um olhar e uma voz doces como o fim de um dia na Barra, daqueles em que o sol quase parece pedir desculpa à cidade por ter de se despedir, muito gentilmente. Fala suavemente, em frases bem construídas e articuladas. Nas vírgulas sorri; nos pontos e vírgula também, um bocadinho mais demoradamente. Nos pontos, olha para cada dos seus companheiros, como se lhes perguntasse "perceberam? posso continuar?". Não percebo de que é professora, mas deve ser excelente - como pedagoga, mulher, mãe, pessoa.
Um dos seus colegas de mesa vai dar aulas "no Novo Mundo" - não percebo onde. A música é de Ali Farka Touré e Toumané Diabaté; o vinho, um Quinta das Baldias LBV 2003, pouco interessante; o dia, frio e soalheiro - uma mistura da qual gosto desde que pela primeira vez as vi, na Rússia (só que aí a temperatura era de menos vinte, ou menos trinta . Até o sol tremia).
O dia chegou ao fim. O frio continua. Tenho fome: é bom sinal. Durante muito tempo perguntava-me "onde ir jantar?", e logo a seguir, antes mesmo de ter encontrado a resposta, "porquê?". Depois tentava responder às duas perguntas, para disfarçar, mas nem sempre era fácil. Hoje não sei onde vou jantar, mas sei porquê.
Liberdade de expressão
Não são, claro, precisos mais exemplos para saber de que seria feito o futuro das pessoas que lá vivem caso o Hamas atingisse os seus objectivos. Ou seja: este artigo não é uma novidade. Mas não deixa por isso de ser interessante. E os numerosos jornalistas que apoiam, explícita ou implicitamente o Hamas deviam talvez pensar nisto com olhos de ver; e dizer-nos o que viram, claro.
"Un journaliste viré d'une conférence de Tariq Ramadan"
(Via Blasfémias)
"Un journaliste viré d'une conférence de Tariq Ramadan"
(Via Blasfémias)
8.1.09
"Livro de estilo para referir Israel"
Sou suspeito, porque geralmente gosto de ler Helena Matos. No Público de hoje publicou, com o título acima, um dos seus melhores textos de sempre. Infelizmente não há link directo.
Manifestações
Preparem-se: vai de certeza haver manifestações a protestar contra os ataques a civis inocentes.
"Rockets disparados contra Israel a partir do Líbano"
"Rockets disparados contra Israel a partir do Líbano"
7.1.09
Gaza
Ser a favor de Israel não é pensar que Israel tem sempre razão. É pensar que se Israel ganhar a guerra encontrar-se-á para todos (Palestinianos e Israelitas) uma solução melhor do que a actual.
6.1.09
Uma pergunta mais ou menos óbvia
"¿Cuál es la proporción justa que hay que respetar para que Israel cuente con unas opiniones favorables? ¿Que el Ejército israelí no utilice su superioridad técnica y se limite a emplear las mismas armas que Hamás, es decir, la guerra de los imprecisos misiles Grad, las piedras, la estrategia de los atentados suicidas a discreción, las bombas humanas y la selección deliberada de las poblaciones civiles como objetivos? O, mejor aún, ¿convendría que Israel espere pacientemente a que Hamás, gracias a Irán y Siria, "equilibre" su potencia de fuego?"
(Via Câmara de Comuns)
Aqui, o link para o artigo original, em francês.
(Via Câmara de Comuns)
Aqui, o link para o artigo original, em francês.
Uma interpretação objectiva
Eu gosto da má-fé (por várias razões, que não estão aqui em causa: prefiro ter de lidar com alguém de má-fé, po exemplo, do que com um idiota; e acho a má-fé feminina um charme, mais um, nas nossas caras, e adoradas, metades; também me apaixona - se bem, ou talvez porque, seja incapaz de o fazer - ouvir alguém dizer uma coisa sabendo perfeitamente que é mentira e que os outros sabem que é mentira e que os outros sabem que nós sabemos que é mentira).
Enfim, sejamos mais exactos: às vezes gosto da má-fé. Vejam este exemplo (é preciso ler até ao fim) e digam-me o que pensam.
Enfim, sejamos mais exactos: às vezes gosto da má-fé. Vejam este exemplo (é preciso ler até ao fim) e digam-me o que pensam.
5.1.09
8 ou 80 = a 0
O comércio tradicional só tem duas maneiras de lutar contra as grandes superfícies, e são as mesmas em de Portugal aos Urais, do cabo Norte a Creta: uma é a proximidade - produtos de primeira urgência, horários de abertura alargados; a outra é o que não se encontra nas grandes superfícies: o chouriço de pequena produção, o vinho de derrière les fagots, os produtos artesanais.
Na área onde vivo há um vasto leque de lojas, algumas das quais já fizeram a reconversão; para a maior parte, contudo, o caminho vai ser longo.Todas as mercearias têm exactamente os mesmos produtos que os supermercados, mas nas gamas mais baixas, e com preços, naturalmente, elevadíssimos. Têm horários mais reduzidos - o que se compreende porque não podem pagar a empregados - e só sobrevivem por causa da lei das rendas.
Hoje contudo tive duas surpresas: uma é pouco relevante; a outra é de monta: entrei pela segunda vez na Charcutaria Moy, desta vez para ver com olhos de ver. Aquilo é patético: uma boa garrafeira de vinhos (nas gamas altas, naturalmente); uma excelente (enfim, excelente é um understatement) escolha de whiskies de malte; quanto ao resto, parece uma sucursal da Fauchon e da Petrossian.
Tem - aqui começam as surpresas - uma escolha fraca em variedade mas boa em qualidade de cervejas. Pergunto à senhora se tem Smithwicks, objectiva e indiscutivelmente (nalgumas coisas há que ser imparcial, objectivo e rigoroso) a melhor cerveja do mundo, como aliás já aqui expliquei. A senhora não conhecia essa marca de cerveja; depois perguntei-lhe se tinha café aromatizado com cardamoma, para fazer café turco. Queria especificamente moka, ou um arábica puro. Tinha moka, da Fauchon: 72 euros o quilo. Setenta e dois euros o quilo de café moka - nem sequer era Blue Mountain. Disse-lhe que achava caro, claro, e perguntei-lhe se tinham cardamoma em grão. Tinha. Da Fauchon. 8 euros o frasco de 50 gramas, ou coisa que o valha.
A ignorância paga-se sempre caro. Quando misturada com a pedantice paga-se a triplicar.
Pour la petite histoire: em Paris durante muito tempo ficava em casa de um amigo cuja avó comia caviar quase todas as noites. Um dia a senhora explicou-me que o comprava na Fauchon, porque aqueles estúpidos da mercearia das esquina não tinham (e era mais barato, evidentemente, do que na Petrossian). Era a única coisa que lá comprava. Tudo o resto vinha de chez les cons (verdade seja dita: ela tinha um feitio adorável. E enquanto os árabes da mercearia da esquina não tivessem caviar ela não descansaria).
Pour la petite histoire, 2: um dia o meu amigo descobriu, numa viagem a Moscovo, que lá podia comprar qualquer dos caviares em latas de 2 e 5 kg a preços de chuva em saldo. O problema era passá-las na Alfãndega do aeroporto. Mas isso é outra história, e fica para depois.
Na área onde vivo há um vasto leque de lojas, algumas das quais já fizeram a reconversão; para a maior parte, contudo, o caminho vai ser longo.Todas as mercearias têm exactamente os mesmos produtos que os supermercados, mas nas gamas mais baixas, e com preços, naturalmente, elevadíssimos. Têm horários mais reduzidos - o que se compreende porque não podem pagar a empregados - e só sobrevivem por causa da lei das rendas.
Hoje contudo tive duas surpresas: uma é pouco relevante; a outra é de monta: entrei pela segunda vez na Charcutaria Moy, desta vez para ver com olhos de ver. Aquilo é patético: uma boa garrafeira de vinhos (nas gamas altas, naturalmente); uma excelente (enfim, excelente é um understatement) escolha de whiskies de malte; quanto ao resto, parece uma sucursal da Fauchon e da Petrossian.
Tem - aqui começam as surpresas - uma escolha fraca em variedade mas boa em qualidade de cervejas. Pergunto à senhora se tem Smithwicks, objectiva e indiscutivelmente (nalgumas coisas há que ser imparcial, objectivo e rigoroso) a melhor cerveja do mundo, como aliás já aqui expliquei. A senhora não conhecia essa marca de cerveja; depois perguntei-lhe se tinha café aromatizado com cardamoma, para fazer café turco. Queria especificamente moka, ou um arábica puro. Tinha moka, da Fauchon: 72 euros o quilo. Setenta e dois euros o quilo de café moka - nem sequer era Blue Mountain. Disse-lhe que achava caro, claro, e perguntei-lhe se tinham cardamoma em grão. Tinha. Da Fauchon. 8 euros o frasco de 50 gramas, ou coisa que o valha.
A ignorância paga-se sempre caro. Quando misturada com a pedantice paga-se a triplicar.
Pour la petite histoire: em Paris durante muito tempo ficava em casa de um amigo cuja avó comia caviar quase todas as noites. Um dia a senhora explicou-me que o comprava na Fauchon, porque aqueles estúpidos da mercearia das esquina não tinham (e era mais barato, evidentemente, do que na Petrossian). Era a única coisa que lá comprava. Tudo o resto vinha de chez les cons (verdade seja dita: ela tinha um feitio adorável. E enquanto os árabes da mercearia da esquina não tivessem caviar ela não descansaria).
Pour la petite histoire, 2: um dia o meu amigo descobriu, numa viagem a Moscovo, que lá podia comprar qualquer dos caviares em latas de 2 e 5 kg a preços de chuva em saldo. O problema era passá-las na Alfãndega do aeroporto. Mas isso é outra história, e fica para depois.
4.1.09
Tradução
O Don Vivo, e eu com ele, está ansioso por conciliar o seu desejo de poder ter fotografias maiores e manter a largura das colunas de texto. Graças à rápida e eficientíssima colaboração do staff de apoio do Blogger, parece que está a funcionar (ou seja, ainda não é desta que vou para o Sapo...). Agora, mais algumas experiências - ou seja, tempo - e logo se verá.
PS com destinatária - com um pedido de desculpa pois o post "Teste 100" foi apagado ao mesmo tempo que o comentário chegou.
PS com destinatária - com um pedido de desculpa pois o post "Teste 100" foi apagado ao mesmo tempo que o comentário chegou.
Toumani Diabaté
Um breve documentário sobre The Mandé Variations, um dos melhores discos que comprei em 2008.
Dialécticas
Vai pelo Jugular um grande debate sobre a excisão. Começou com um senhor (ou uma senhora, não sei mas penso que não) que se manifestou contra todas as formas de ingerência em culturas alheias (no seu último comentário menciona a aculturação como se fosse a raiz do pecado - "usando as elites locais aculturadas para abater resistências") [resistências à excisão, note-se - imagino que sejam, para ele, particularmente ilegítimas. Nenhuma sociedade tem o direito de evoluir (ou mudar, se quisermos usar um verbo menos polémico); e muito menos se for por influência de uma sociedade que se crê "melhor". Que haja mais gente desses países a querer vir para o Ocidente do que ocidentais a querer ir para lá parece indicar que sim. Mas enfim, cada um tem os seus critérios.]
Já tive centenas - centenas - de discussões destas. Sobre a excisão, Israel, a democracia em África, o apartheid. Nunca mais: é impossível discutir (pelo menos quem, como eu, não é um intelectual), porque estamos em patamares epistomológicos diferentes. Podemos falar do mal com quem do mal tem uma opinião diferente da nossa. Mas não com quem não reconhece o mal (mal, bem - podem substituir por qualquer outro valor. Ou até cores: podemos debater se um encarnado é mais ou menos acastanhado; mas se onde nós vemos encarnado o nosso interlocutor vê azul, ou cinzento, nada há a discutir - a menos que se ande permanentemente com um espectómetro, o que não é o meu caso. E mesmo assim ainda pode haver desacordo quanto aos termos que designam um dado comprimento de onda).
Quando cheguei à Suíça caí num meio universitário, esquerdista daqueles a que eu chamava esquerda zeitgeist, às vezes e esquerda religiosa outras (quando os queria chatear um bocadinho) - a mesma que encontramos hoje a clamar contra o aquecimento global, Israel (esse é um tema perene, infelizmente) etc.. Discutia-se invariavelmente o apartheid. Eu dizia-lhes que o apartheid do qual eles estavam a falar não existia. Havia outro - que eu não aprovava, obviamente - mas que não era, de todo, aquilo de que eles estavam a falar.
Um dia convidei um sul-africano preto, um magnífico músico de jazz que morava em Genève e um branco, da uppercast, para um jantar em minha casa. Eles e os excitados (iam falar com um preto sul-africano pela primeira vez na vida) defensores dos direitos humanos, etc.. O choque daquela gente quando ouviu o Henry (era o músico) a dizer exactamente - palavra por palavra - o que eu lhes dizia é indescrítivel; corroborado pelo outro, o melhor skipper que jamais trabalhou para mim. Eles não percebiam: como é que um preto, sul-africano, músico (artista!, e bom, ainda por cima) casado com uma loira sublime e inteligentíssima podia dizer coisas daquelas? Que um branco das classes superiores dissesse, compreendia-se. Mas um preto? Era o desabar de um mundo - e a melhor maneira de lutar contra isso é, então como hoje, pura e simplesmente ignorar - no sentido primeiro do termo, como um cego de nascença ignora o encarnado - os argumentos do outro. [E, claro, mencionar a aculturação dele, a sua tremenda alienação, e o facto de vir das elites (não vinha, mas um preto casado com uma branca bonita sobe automaticamente de classe, é bem conhecido)].
O que mais me marcou, e para sempre, é que era completamente impossível explicar àquela gente - todos eles professores universitários, repare-se (na sua maioria de psicologia, psiquiatria, sociologia) - que nós não estávamos a defender o apartheid. Aquilo que dizíamos era, para eles, uma defesa encapotada do monstro; e tudo o que disséssemos era interpretado a essa luz. Porque não era um problema de vocabulário - era de epistomologia. Nós falávamos de política, e eles respondiam-nos com moral (não necessariamente que seja pior ou melhor. É simplesmente uma plano diferente. Se estivéssemos a falar de moral e eles nos respondessem com política o efeito seria o mesmo). E contra isso não há palavras que cheguem (nem num sentido nem no outro, note-se). Pode discutir-se uma situação política - ou climática, ou social, ou o que quer que seja - quando os dois interlocutores estão a falar da mesma coisa. Mas se eu falar em aquecimento global num modo, por exemplo, científico e o meu interlocutor me responder no modo religioso, ou social, ou político, é impossível continuar. Recentemente tive um debate sobre o aquecimento global com um blogger que terminou com ele a dizer-me que "nós (os cépticos) pensamos que na ciência, como na política, tem que haver uma posição contraditória, mas isso não é verdade". Isto não é ciência, é religião. Uma vez acolhi um casal de americanos na casa que partilhava com a minha namorada, em La Chaux-de-Fonds. Um dia o americano estava a falar não me lembro de quê - provavelmente atletismo - e disse que os pretos têm mais fibras musculares em cada músculo do que os brancos [não sei se é verdade se não. Não interessa]. A minha namorada (uma esquerdista menos zeitgeist do que o habitual e com olhos verdes lindos, e muitas sardas) ia fuzilando o homem porque ele estava a justificar não o facto de os pretos correrem mais depressa, mas sim a exploração à qual aquela pobre raça estava sujeita.
O tema toca-me, claro: já convivi com bastantes vítimas de costumes bárbaros e não me parece consensual que elas os apreciem cegamente. De uma forma geral é mesmo o oposto. Mas esses são, naturalmente, os "alienados", "aculturados", as elites. Enfim, do pior que há numa sociedade.
Já tive centenas - centenas - de discussões destas. Sobre a excisão, Israel, a democracia em África, o apartheid. Nunca mais: é impossível discutir (pelo menos quem, como eu, não é um intelectual), porque estamos em patamares epistomológicos diferentes. Podemos falar do mal com quem do mal tem uma opinião diferente da nossa. Mas não com quem não reconhece o mal (mal, bem - podem substituir por qualquer outro valor. Ou até cores: podemos debater se um encarnado é mais ou menos acastanhado; mas se onde nós vemos encarnado o nosso interlocutor vê azul, ou cinzento, nada há a discutir - a menos que se ande permanentemente com um espectómetro, o que não é o meu caso. E mesmo assim ainda pode haver desacordo quanto aos termos que designam um dado comprimento de onda).
Quando cheguei à Suíça caí num meio universitário, esquerdista daqueles a que eu chamava esquerda zeitgeist, às vezes e esquerda religiosa outras (quando os queria chatear um bocadinho) - a mesma que encontramos hoje a clamar contra o aquecimento global, Israel (esse é um tema perene, infelizmente) etc.. Discutia-se invariavelmente o apartheid. Eu dizia-lhes que o apartheid do qual eles estavam a falar não existia. Havia outro - que eu não aprovava, obviamente - mas que não era, de todo, aquilo de que eles estavam a falar.
Um dia convidei um sul-africano preto, um magnífico músico de jazz que morava em Genève e um branco, da uppercast, para um jantar em minha casa. Eles e os excitados (iam falar com um preto sul-africano pela primeira vez na vida) defensores dos direitos humanos, etc.. O choque daquela gente quando ouviu o Henry (era o músico) a dizer exactamente - palavra por palavra - o que eu lhes dizia é indescrítivel; corroborado pelo outro, o melhor skipper que jamais trabalhou para mim. Eles não percebiam: como é que um preto, sul-africano, músico (artista!, e bom, ainda por cima) casado com uma loira sublime e inteligentíssima podia dizer coisas daquelas? Que um branco das classes superiores dissesse, compreendia-se. Mas um preto? Era o desabar de um mundo - e a melhor maneira de lutar contra isso é, então como hoje, pura e simplesmente ignorar - no sentido primeiro do termo, como um cego de nascença ignora o encarnado - os argumentos do outro. [E, claro, mencionar a aculturação dele, a sua tremenda alienação, e o facto de vir das elites (não vinha, mas um preto casado com uma branca bonita sobe automaticamente de classe, é bem conhecido)].
O que mais me marcou, e para sempre, é que era completamente impossível explicar àquela gente - todos eles professores universitários, repare-se (na sua maioria de psicologia, psiquiatria, sociologia) - que nós não estávamos a defender o apartheid. Aquilo que dizíamos era, para eles, uma defesa encapotada do monstro; e tudo o que disséssemos era interpretado a essa luz. Porque não era um problema de vocabulário - era de epistomologia. Nós falávamos de política, e eles respondiam-nos com moral (não necessariamente que seja pior ou melhor. É simplesmente uma plano diferente. Se estivéssemos a falar de moral e eles nos respondessem com política o efeito seria o mesmo). E contra isso não há palavras que cheguem (nem num sentido nem no outro, note-se). Pode discutir-se uma situação política - ou climática, ou social, ou o que quer que seja - quando os dois interlocutores estão a falar da mesma coisa. Mas se eu falar em aquecimento global num modo, por exemplo, científico e o meu interlocutor me responder no modo religioso, ou social, ou político, é impossível continuar. Recentemente tive um debate sobre o aquecimento global com um blogger que terminou com ele a dizer-me que "nós (os cépticos) pensamos que na ciência, como na política, tem que haver uma posição contraditória, mas isso não é verdade". Isto não é ciência, é religião. Uma vez acolhi um casal de americanos na casa que partilhava com a minha namorada, em La Chaux-de-Fonds. Um dia o americano estava a falar não me lembro de quê - provavelmente atletismo - e disse que os pretos têm mais fibras musculares em cada músculo do que os brancos [não sei se é verdade se não. Não interessa]. A minha namorada (uma esquerdista menos zeitgeist do que o habitual e com olhos verdes lindos, e muitas sardas) ia fuzilando o homem porque ele estava a justificar não o facto de os pretos correrem mais depressa, mas sim a exploração à qual aquela pobre raça estava sujeita.
O tema toca-me, claro: já convivi com bastantes vítimas de costumes bárbaros e não me parece consensual que elas os apreciem cegamente. De uma forma geral é mesmo o oposto. Mas esses são, naturalmente, os "alienados", "aculturados", as elites. Enfim, do pior que há numa sociedade.
3.1.09
A forma do conteúdo
Alarguei a largura da coluna central do DV, para poder acomodar fotografias de maior dimensão. Os v. comentários e sugestões são bem vindos e solicitados, como de costume.
Dogmas
Sou, infelizmente, totalmente incapaz de aderir a dogmas (quanto mais acreditar neles). Digo "infelizmente" sem sombra de ironia. Enfim, com um bocadinho, só; muito pouco.
A ler
Há dias em que me aborreço com o meu défice de proselitismo. Hoje é um deles, e acho que devo redimir-me. Este artigo devia ser lido, relido, apregoado nas Igrejas, Mesquitas e demais locais de culto como o cinema Império em Lisboa ou Oxford em Cascais; devia ser afixado em editais, distribuído gratuitamente nas ruas com o pregão "Nem tudo está perdido, ainda há esperança".
Leiam, divulguem e discutam-no ao serão com os vossos filhos.
(Via Insurgente, claro).
"Environment minister Sammy Wilson: I still think man-made climate change is a con"
Adenda - aproveitando a maré: Palmira Silva, quando fala de ciência, é apaixonante (já o penso há algum tempo, mas a maldita abulia...)
Leiam, divulguem e discutam-no ao serão com os vossos filhos.
(Via Insurgente, claro).
"Environment minister Sammy Wilson: I still think man-made climate change is a con"
Adenda - aproveitando a maré: Palmira Silva, quando fala de ciência, é apaixonante (já o penso há algum tempo, mas a maldita abulia...)
Profissões, marketing et al.
"Se queres que os clientes corram atrás de ti, meu caro, vais para médico ou para advogado", dizia a um amigo meu o seu tio. "Ou p...", acrescentei em silêncio porque o meu amigo é de boas famílias.
Hoje, acrescentaria uma a estas nobres e utilíssimas profissões, menos nobre mas tão útil: a de vendedor / reparador de computadores e produtos informáticos.
Hoje, acrescentaria uma a estas nobres e utilíssimas profissões, menos nobre mas tão útil: a de vendedor / reparador de computadores e produtos informáticos.
2.1.09
Balança - II
O post anterior trouxe-me à memória uma história que se calhar já aqui contei: em Paris um dos meus bares favoritos é (ou era*) o Caveau de la Huchette. O barman era um algarvio exuberante, dono de um grande bigode, uma prodigiosa memória e uma prodigiosa barriga também (este "também" devia vir antes do segundo "prodigiosa"; aqui é obscuro).
Uma vez passei um par de anos sem o ver. Quando lá voltei, a barriga do Inácio tinha desaparecido, completamente. Nem traços, nem um bocadinho de uma parte de um segmento de linha redonda naquele ventre.
- Inácio, bolas, o que é que fizeste à barriga, homem? - perguntei-lhe.
- Casei-me.
* - digo "era" porque o Inácio reformou-se, por um lado, e aquilo mudou de donos, por outro (estes dois factos não foram simultâneos. Os novos donos detestavam o Inácio, e só o aguentaram lá por estar perto da reforma - a indemnização seria enorme). Apesar de saber que uma coisa que tem 300 anos sobrevive à saída de 500 Inácios e 500 donos suspeito que nunca mais lá passarei horas como as que passei. Aliás, veja-se o novo site, um horror.
Uma vez passei um par de anos sem o ver. Quando lá voltei, a barriga do Inácio tinha desaparecido, completamente. Nem traços, nem um bocadinho de uma parte de um segmento de linha redonda naquele ventre.
- Inácio, bolas, o que é que fizeste à barriga, homem? - perguntei-lhe.
- Casei-me.
* - digo "era" porque o Inácio reformou-se, por um lado, e aquilo mudou de donos, por outro (estes dois factos não foram simultâneos. Os novos donos detestavam o Inácio, e só o aguentaram lá por estar perto da reforma - a indemnização seria enorme). Apesar de saber que uma coisa que tem 300 anos sobrevive à saída de 500 Inácios e 500 donos suspeito que nunca mais lá passarei horas como as que passei. Aliás, veja-se o novo site, um horror.
Balança
Comprei uma balança na Loja do Gato Preto. Passa a vida a dizer-me que ganhei peso. Suspeito que se quero uma que me diga o contrário terei que gastar muito mais do que os nove euros e noventa cêntimos que esta custou. Alguém sabe a partir de que preço é que as balanças dizem aquilo que nós queremos que elas digam?
Jantar
O casal à minha frente alterna entre o espanhol e o francês; na mesa a seguir são franceses; na do lado, um espanhol (enfim, chileno, mas isso é insider trading, e irrelevante) fala um português perfeito (e diz alguns disparates, mas isso também é outra história, e também é irrelevante); a sua colega de mesa é descendente de boers (que pronuncia mal, aliás: diz-se burrs, não bóères); um pouco mais longe está uma mesa de ingleses, ou holandeses, não se percebe.
O jantar é perfeito, o ambiente cosmopolita à souhait. E só agora percebo que foi a cara doce, frágil e bonita da senhora que está na mesa em frente que me levou às associações sobre a fragilidade: atrás daquele olhar terno e doce adivinho uma determinação de tempestade tropical. Que injustiça, começar num rosto tão bonito e acabar no brutamontes do Reiser.
O jantar é perfeito, o ambiente cosmopolita à souhait. E só agora percebo que foi a cara doce, frágil e bonita da senhora que está na mesa em frente que me levou às associações sobre a fragilidade: atrás daquele olhar terno e doce adivinho uma determinação de tempestade tropical. Que injustiça, começar num rosto tão bonito e acabar no brutamontes do Reiser.
Fragmento
"... c'est absurde? Sans doute. Mais je ne suis pas à un absurde près. Tu le sais mieux que personne. Et ne me viens pas avec l'histoire de faire de l'absurde un mode de vie ..."
Fragilidades e outros segredos
Uma das minhas caricaturas favoritas de Reiser é um brutamontes (imagino-o estivador), o arquétipo do brutamontes: cabeça pequena, testa inclinada, braços enormes, de camisola sem mangas. Num dos braços tem tatuado "Toutes des putains, sauf maman".
Porque penso nisto agora, durante este esplêndido jantar? Porque penso na fragilidade, nos inesperados lugares e pessoas onde aparece, ou se esconde e nas estranhas formas que tem de se manifestar ou dissimular.
As mulheres gostam de homens fortes, o que se compreende. Esta moda da fragilidade é isso mesmo. Uma invenção recente. Não vai durar. Ainda vamos acabar todos tatuados, e a fazer operações para tornar salientes as arcadas supraciliares.
(PS - já o que leva certos homens a gostar de mulheres fortes é um mistério, mais um, com o qual vivo há decénios e que ainda não decifrei.)
Porque penso nisto agora, durante este esplêndido jantar? Porque penso na fragilidade, nos inesperados lugares e pessoas onde aparece, ou se esconde e nas estranhas formas que tem de se manifestar ou dissimular.
As mulheres gostam de homens fortes, o que se compreende. Esta moda da fragilidade é isso mesmo. Uma invenção recente. Não vai durar. Ainda vamos acabar todos tatuados, e a fazer operações para tornar salientes as arcadas supraciliares.
(PS - já o que leva certos homens a gostar de mulheres fortes é um mistério, mais um, com o qual vivo há decénios e que ainda não decifrei.)
1.1.09
O primeiro jantar do ano
Hesitei bastante quanto ao título deste post. Normalmente seria "publicidade desinteressada", ou "serviço público". Mas como chamar publicidade a uma - como dizer? - injunção? O Clube de Jornalistas é um dos melhores restaurantes de Lisboa, e a este preço é pecado ou - pior ainda - totalmente irracional ir jantar a outro sítio.
Para além de cozinheiro fora de série o André Magalhães é um excelente escanção (já o vi fazer milagres, e isto sem qualquer exagero); tem um excelente gosto musical; é uma das personificações da simpatia; e, como se tudo isto não chegasse, navega.
O RESTAURANTE DO CLUBE DE JORNALISTAS PREPAROU UMA EMENTA ESPECIAL
PARA O PRIMEIRO JANTAR DO ANO DE 2009:
UMA “OSTRA DO CAMPO”, UM “VODKA SLUSH PUPPY” OU UMA “OYSTER MARY”
DEPOIS, COMO “CEIA RETEMPERADORA”,
SOPA DE LAVAGANTE COM CROUTONS DE CENTEIO ou BÚZIOS AO AÏOLI
***
SALMÃO GRELHADO COM MEL, BLINIS DE TRIGO SARRACENO E SALADA DE FUNCHO
***
SORVETE DE MARACUJÁ COM CHAMPAGNE
Preço por pessoa: 20 euros (bebidas não incluídas)
Reservas: 21 397 7138
cjrestaurante@netcabo.pt
PARA O PRIMEIRO JANTAR DO ANO DE 2009:
UMA “OSTRA DO CAMPO”, UM “VODKA SLUSH PUPPY” OU UMA “OYSTER MARY”
DEPOIS, COMO “CEIA RETEMPERADORA”,
SOPA DE LAVAGANTE COM CROUTONS DE CENTEIO ou BÚZIOS AO AÏOLI
***
SALMÃO GRELHADO COM MEL, BLINIS DE TRIGO SARRACENO E SALADA DE FUNCHO
***
SORVETE DE MARACUJÁ COM CHAMPAGNE
Preço por pessoa: 20 euros (bebidas não incluídas)
Reservas: 21 397 7138
cjrestaurante@netcabo.pt
Fotografia
Às vezes dizem-me que tenho de escolher entre a cor e o preto e branco.
É como se me pedissem para escolher entre o vinho e o whisky; entre uma pele e outra; entre a música africana e a medieval; entre um verso de Fernando Pessoa e um de Nuno Júdice; entre um quadro de Hopper e um de Turner; entre Rabindranath Tagore e Jack London; entre mar chão e mar cavado, entre o dia e a noite.
É como se me pedissem para escolher entre o vinho e o whisky; entre uma pele e outra; entre a música africana e a medieval; entre um verso de Fernando Pessoa e um de Nuno Júdice; entre um quadro de Hopper e um de Turner; entre Rabindranath Tagore e Jack London; entre mar chão e mar cavado, entre o dia e a noite.
Música
É irritante, ouvir música que arranha como esta. Parece que põe sal nas feridas, corpos na memória, pele nas mãos.
Serviço público - Livros
A série completa das Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa (8 volumes), do Comandante Saturnino Monteiro está à venda na Sá da Costa pela quantia, módica, de 50 euros. Um levantamento completo de todas os combates nos quais a Marinha Portuguesa esteve envolvida, de 1139 a 1975. Deve haver poucas maneiras melhores de gastar 50 euros.
(Excepto, claro comprar os discos abaixo referidos de Toumani Diabaté e Monserrat Figueras; mas os dois juntos não chegam a esse montante, o que é aborrecido).
(Excepto, claro comprar os discos abaixo referidos de Toumani Diabaté e Monserrat Figueras; mas os dois juntos não chegam a esse montante, o que é aborrecido).
Comoção
Comovo-me facilmente: por muito menos que ao Jorge Sampaio chegam-me as lágrimas aos olhos. É embaraçoso, eu sei. Mas é fácil corrigir.
E ouvir esta maldita música. Cada nota parece um lugar, uma memória, uma vida, uma pele, um desejo, um olhar, uma carícia, um pedido, um suspiro.
(Toumani Diabaté, The Mandé Variations).
E ouvir esta maldita música. Cada nota parece um lugar, uma memória, uma vida, uma pele, um desejo, um olhar, uma carícia, um pedido, um suspiro.
(Toumani Diabaté, The Mandé Variations).
Eu só sei dançar sozinho
Por vezes ela toca-me à campaínha às três da manhã, ou quatro - a qualquer hora. Eu abro-lhe a porta e nem "boa noite" oiço. "Ela abafou-me, outra vez", explica. "Ela", eu sei, é a tristeza, a solidão, a tristeza da solidão. "Desce sobre mim como um cobertor, como o cobertor de quando a minha avó me aconchegava na cama e de repente o frio desaparecia, percebes? Abafa-me, aconchega-me; parece que se faz noite, apesar de já ser noite". Não há nada a fazer: digo-lhe para entrar, preparo-lhe um Gin Tonic com duas ou três gotas de bitter Angostura, e deixo-a falar. Uma vez perguntei-lhe "Desce como um abutre?" e ela respondeu "Não, que horror, se fosse um abutre eu estaria morta, e não estou".
"Percorro a cidade, de noite, para saber aonde pertenço [where do I belong to, tinha feito a escola primária nas freiras inglesas de Belém, e a Universidade em Londres]. Hoje fui ao Santiago Alquimista, conheces?" Acenei uma vaga negativa. "O espaço é muito bonito, mas está povoado de meninos de coro que se fingem artistas. Prefiro o contrário". "Depois fui ao Maxime". "Esse conheço", encorajei-a. "Menos meninos de coro, menos artistas. Um nojo: tudo sujo, o chão peganhento, montes de homens. Não era sítio para uma mulher sozinha". Alexandra dificilmente entrava na categoria "mulher sozinha". Era muito pequenina, magra, morena como se tivesse saído ontem do Rif - mas quando se deslocava parecia ter um exército com ela. Não por ser agressiva, mas porque enchia o espaço todo, onde estava. "Enfim, uma merda. Acabei numa boîte cabo-verdiana. Sabes, dançar música africana não é difícil. Basta não te veres a dançar. É por isso que não gosto de tango: eles não dançam, olham-se."
São seis da manhã, Alexandra está deitada no sofá da sala com o copo de Gin na mão; reclina-se regularmente para o beber. Pessoalmente, não gosto de boîtes cabo-verdianas: aquela música dança-se sempre a dois, e eu só sei dançar sozinho. Há poucos povos africanos que dançam sistematicamente a dois, e poucas músicas. No Zaire isso acontecia, por vezes. Uma vez tive uma namorada muito bonita, jovem, que todas as noites tentava ensinar-me a dançar, na boîte de um maricas que tinha a música aos berros e onde íamos regularmente. Eu dizia-lhe, "Tsombé, eu não sei dançar a dois"; e ela respondia-me "Mas sabes fazer amor. Porque não consegues dançar?" "Porque se calhar faço amor sozinho". "Não sejas idiota". Como a minha hóspede, Tsombé era parca na fala, mas não hesitava muito na escolha de palavras.
Alexandra continua deitada no sofá. Não me importo de a acolher, seja a que horas for: fala pouco, e não me critica os silêncios - provavelmente até os agradece. Às vezes fazemos amor; mais frequentemente não: acabar na cama com ela faz-me pensar na Tsombé, e em como é bom fazer amor quando se ama, ou é amado (a reciprocidade não é essencial. Basta um amar, ou deixar-se amar). Com Alexandra a única reciprocidade é a do desejo; ela diz-me "f...-me, mas não vás mais longe do que a pele, porque para lá não há nada". Tsombé não: sentava-se em cima de mim, apontava para o umbigo e dizia: "até aqui". E partíamos os dois, à desfilada.
Alexandra acaba por adormecer, e fico na sala, a olhar para ela. Vou buscar um cobertor para a tapar. Eu só sei dançar sozinho.
"Percorro a cidade, de noite, para saber aonde pertenço [where do I belong to, tinha feito a escola primária nas freiras inglesas de Belém, e a Universidade em Londres]. Hoje fui ao Santiago Alquimista, conheces?" Acenei uma vaga negativa. "O espaço é muito bonito, mas está povoado de meninos de coro que se fingem artistas. Prefiro o contrário". "Depois fui ao Maxime". "Esse conheço", encorajei-a. "Menos meninos de coro, menos artistas. Um nojo: tudo sujo, o chão peganhento, montes de homens. Não era sítio para uma mulher sozinha". Alexandra dificilmente entrava na categoria "mulher sozinha". Era muito pequenina, magra, morena como se tivesse saído ontem do Rif - mas quando se deslocava parecia ter um exército com ela. Não por ser agressiva, mas porque enchia o espaço todo, onde estava. "Enfim, uma merda. Acabei numa boîte cabo-verdiana. Sabes, dançar música africana não é difícil. Basta não te veres a dançar. É por isso que não gosto de tango: eles não dançam, olham-se."
São seis da manhã, Alexandra está deitada no sofá da sala com o copo de Gin na mão; reclina-se regularmente para o beber. Pessoalmente, não gosto de boîtes cabo-verdianas: aquela música dança-se sempre a dois, e eu só sei dançar sozinho. Há poucos povos africanos que dançam sistematicamente a dois, e poucas músicas. No Zaire isso acontecia, por vezes. Uma vez tive uma namorada muito bonita, jovem, que todas as noites tentava ensinar-me a dançar, na boîte de um maricas que tinha a música aos berros e onde íamos regularmente. Eu dizia-lhe, "Tsombé, eu não sei dançar a dois"; e ela respondia-me "Mas sabes fazer amor. Porque não consegues dançar?" "Porque se calhar faço amor sozinho". "Não sejas idiota". Como a minha hóspede, Tsombé era parca na fala, mas não hesitava muito na escolha de palavras.
Alexandra continua deitada no sofá. Não me importo de a acolher, seja a que horas for: fala pouco, e não me critica os silêncios - provavelmente até os agradece. Às vezes fazemos amor; mais frequentemente não: acabar na cama com ela faz-me pensar na Tsombé, e em como é bom fazer amor quando se ama, ou é amado (a reciprocidade não é essencial. Basta um amar, ou deixar-se amar). Com Alexandra a única reciprocidade é a do desejo; ela diz-me "f...-me, mas não vás mais longe do que a pele, porque para lá não há nada". Tsombé não: sentava-se em cima de mim, apontava para o umbigo e dizia: "até aqui". E partíamos os dois, à desfilada.
Alexandra acaba por adormecer, e fico na sala, a olhar para ela. Vou buscar um cobertor para a tapar. Eu só sei dançar sozinho.
Subscrever:
Mensagens (Atom)